Brasil pode perder oportunidade de exportar suco para os EUA

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A menor produção de laranja na Flórida numa série histórica de dados de mais de 80 anos poderia se tornar a grande oportunidade para produtores brasileiros. Mas, ao que tudo indica, cairá de bandeja no colo dos mexicanos, de acordo com comunicado da Associação Nacional dos Exportadores de sucos cítricos (CitrusBR).

 

Com apenas 40,2 milhões de caixas produzidas na safra corrente, a Florida’s Natural anunciou no último 17/05 a compra de suco concentrado mexicano para ser adicionado à bebida, que durante décadas teve como principal diferencial o fato de ser 100% produzida nos Estados Unidos.

 

Flórida

 

Em comunicado distribuído aos produtores de laranja daquele Estado, o presidente da empresa Bob Behr afirmou que a intenção inicial era incorporar suco de laranja não concentrado de origem brasileira. Porém, a quantidade de sólidos presentes na bebida brasileira não seria suficiente para corrigir o produto americano, que passa por sérios problemas de qualidade decorrente do greening, doença que afeta a produção daquele País de forma drástica.

 

Foto: Getty Images

 

A única saída, segundo ele, é a incorporação de suco de laranja concentrado mexicano. “Após cuidadosa consideração, começaremos a misturar o melhor de nossos sólidos NFC da Flórida com o mais alto grau de concentrado de suco de laranja mexicano em todos os itens de suco de laranja da marca Forida’s Natural. Essa transição acontecerá entre meados de maio e junho”, afirmou em nota.

 

A escolha do concentrado mexicano em detrimento ao brasileiro é uma questão comercial. O suco de laranja mexicano é beneficiado por um acordo de livre comércio com os Estados Unidos que, desde 2008, concede isenção total de impostos enquanto o produto brasileiro é penalizado em US$ 415,86  por toneladas. Agrava a situação as ações da Receita Federal do Brasil que, desde 2019 cobram 34% de Imposto de Renda de Pessoa Jurídica sobre o imposto pago ao governo americano.

 

“Essa é uma situação que tem penalizado a indústria exportadora do Brasil que sempre foi líder naquele mercado e vê, pouco a pouco um dos maiores clientes se perder para um concorrente que tem jogado sobre as nossas falhas”, explica o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto, que representa a indústria exportadora de suco de laranja.

 

Segundo ele, a insegurança jurídica causada por essa ação, que se estende por dois anos, já traz consequências.

 

“O importador segue procurando as melhores ofertas e o exportador as melhores oportunidades, mas para isso é preciso segurança jurídica senão os negócios não acontecem”, comenta.

 

Segundo ele, é possível perceber interesse por parte da Receita Federal do Brasil em resolver o problema que também tem sido analisado pelo Congresso Nacional.