A avicultura e a suinocultura do Brasil deverão registrar novos avanços neste ano. Segundo as perspectivas da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a produção brasileira de carne de frango poderá crescer até 1% este ano na comparação com 2021, alcançando até 14,5 milhões de toneladas em 2022. A alta deve seguir em 2023, quando se projeta uma alta de até 5% na produção, podendo a produção chegar a 15 milhões de toneladas.
A disponibilidade de produtos no mercado interno também deverá terminar em níveis positivos, com elevação de até 0,5% em 2022, alcançando 9,78 milhões de toneladas, sendo a disponibilidade interna esperada para 2023 de 9,8 milhões de toneladas.
Foto: CDIAL Halal
Os produtores têm mantido a disponibilidade interna de produtos, o que sustentou os níveis per capita. Os programas de auxílio à renda que chegarão ao mercado ainda este ano deverão incrementar o poder de compra da população, com consequente impacto nas vendas internas de produtos avícolas, analisa o presidente da ABPA, Ricardo Santin.
Já as exportações do setor, conforme a ABPA, deverão alcançar neste ano até 4,9 milhões de toneladas, número 6% maior que o registrado no ano anterior. Em 2023, a expectativa é de exportações novamente 6% superiores, alcançando até 5,2 milhões de toneladas.
A questão sanitária internacional ainda deve pressionar o comércio global de carne de frango. Novos focos de influenza aviária foram identificados entre os grandes produtores, sustentando a demanda de grandes exportadores livres da enfermidade, como é o caso do Brasil. Adicionalmente, a já sentida redução da participação da Ucrânia no comércio internacional, a retirada das tarifas de importação do México até o próximo ano, a forte demanda filipina e a redução temporária das tarifas sul-coreanas de importação também impactarão no saldo das exportações, completa Santin.
Carne suína
Já em carne suína, as projeções da ABPA indicam crescimento de até 5% na produção em 2022, podendo alcançar 4,95 milhões de toneladas. Em 2023, a produção deverá chegar a até 5,1 milhões de toneladas, com elevação de 3%. A disponibilidade de produtos para o mercado interno neste ano deverá ser até 9% maior, com 3,9 milhões de toneladas. Para 2023, a expectativa é de nova elevação, chegando a 3,95 milhões de toneladas, número 2% maior.
A carne suína está mais competitiva que as demais proteínas, o que tem gerado um considerável impulso no consumo interno que deverá pela primeira vez atingir os 18 quilos per capita. Neste contexto, a diversificação e customização de produtos pelas agroindústrias vem gerando oportunidades interessantes e possibilitando ao consumidor descobrir a qualidade e a variedade proporcionada pela carne suína que combina com praticamente tudo. Pelo lado da produção, tivemos um primeiro semestre bastante complicado, mas tudo indica que a segunda parte do ano seja melhor, tanto no mercado interno quanto nas exportações, analisa Luís Rua, diretor de mercados da ABPA.
Por fim, as exportações projetadas pelo setor para o ano deverão alcançar até 1,1 milhão de toneladas, número 3% menor que o registrado em 2022, mas mesmo assim o segundo melhor resultado da história da suinocultura brasileira. Em 2023, entretanto, é esperada nova elevação, de até 9%, com volumes que podem alcançar 1,2 milhão de toneladas.
Há expectativa de incremento nas importações chinesas de carne suína ao longo do segundo semestre, o que deverá favorecer as exportações do setor, conforme já temos notado. Soma-se a isto a abertura do mercado do Canadá, as reduções tarifárias da Coreia do Sul e Vietnã, além da ampliação das vendas para novos mercados, como a Tailândia. Muito possivelmente a média mensal de exportações ficará próxima das 100 mil toneladas a partir de agora, completa Rua.
A ABPA possui um estudo que detalha fatores da capacidade competitiva da avicultura e da suinocultura do Brasil. Um dos pontos do estudo está relacionado ao aumento dos insumos que compõem a produção. O polietileno utilizado na produção de embalagens acumulou alta de 61% entre 2018 e 2021, segundo o estudo.
A energia elétrica aumentou, no mesmo período, 32% – mantendo o Brasil entre os países com custos energéticos menos competitivos, em comparação com outros grandes exportadores mundiais de proteínas. Os custos também se tornaram mais elevados na logística de exportação. A média do frete internacional por contêiner saltou de US$ 3,89 mil dólares em 2018, para mais de US$ 7 mil em 2021.
O estudo nos mostrou que, além de repensarmos questões fundamentais para o país como a carga tributária que recai sobre os insumos, é preciso fortalecer as políticas de oferta destes elementos fundamentais para produção. Ao mesmo tempo, é fundamental aprofundar a posição do país como grande exportador, por meio da ampliação de acordos comerciais que nos tornem mais competitivos em mercados onde a taxação e outras barreiras nos acometem de forma mais severa, em relação aos nossos competidores, assim como questões logísticas que impactem o potencial exportador do país, conclui Ricardo Santin.
O estudo será apresentado durante o Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (SIAVS), maior evento dos setores no país, que será realizado entre 09 e 11 de agosto, no Anhembi Parque, em São Paulo (SP).
Tendência do clima
A tendência é de uma nova frente fria atuar sobre o centro-sul do país entre a primeira e a segunda semana de Agosto. Os volumes de chuva no interior gaúcho podem acumular 100 milímetros em algumas localidades.
No Sudeste e Centro-Oeste, a chuva chega de forma mais isolada. Essa frente fria consegue puxar a umidade da Amazônia para as áreas mais ao sul da Região Norte e pode chover em Rondônia e no Acre. O padrão de chuva para o mês de Agosto será diferente porque aos poucos as frentes frias conseguem entrar pelo interior do país e podemos observar chuva acima da normal para época do ano em algumas áreas do centro-sul do Brasil e áreas mais ao sul da Região Norte.
“Vale destacar que a chuva não se regulariza mais cedo este ano. Não deveremos ter um atraso para o retorno das chuvas no interior do Brasil, mas este sinal de chuva agora em Agosto não é uma garantia que teremos umidade mais cedo. É importante, ter muita cautela porque pode ser observado floração no café arábica do Sudeste, mas não há garantia de manutenção da umidade sem chuvas regulares entre Agosto e Setembro. A expectativa é de uma regularização das chuvas apenas na segunda quinzena de Outubro”, analisa a meteorologista Nadiara Pereira
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