A cultura da soja está em implantação no Rio Grande do Sul e já ocupa 98% da área projetada de 6.568.607 hectares. A produtividade estimada a é de 3.131 kg/ha. Na Metade Sul, as lavouras tem ótimo desempenho nas áreas de várzeas. Em termos regionais, as perdas no potencial de produtividade e as dificuldades no desenvolvimento são mais aparentes nas regiões Oeste e Central, mas de forma pontual nas demais áreas, com exceção da Nordeste, onde, nos Campos de Cima da Serra, a evolução dos plantios é considerada normal.
Apesar dos levantamentos indicarem perdas municipais e regionais, é preciso cautela ao generalizar os dados em âmbito estadual, pois, numa eventual manutenção de umidade nos solos em teores adequados, e dependendo do nível de danos, as lavouras têm boa capacidade de recuperação. Mesmo que estejam em floração (18% da área plantada), elas podem se restabelecer, visto que a maior parte das cultivares são de crescimento indeterminado, ou seja, as plantas podem emitir novos pendões e ampliar a estrutura, compensando parte do potencial produtivo afetado.
Em Bagé, mesmo em condições de solo seco, alguns produtores avançaram com o plantio e replantio de lavouras. Na Fronteira Oeste, em Alegrete e em Maçambará, há relatos de lavouras que já estão no segundo replante, assim como as áreas irrigadas, onde a falta de umidade e o calor excessivo provocaram a perda da viabilidade das sementes ou o tombamento das plântulas recém emergidas. As chuvas registradas foram de baixo volume, e a distribuição foi desuniforme, aumentando as chances de fracasso para essas novas semeaduras. Em São Borja, ainda restam cerca de 10% da área projetada a ser implantada, aproximadamente 10.000 hectares. Os produtores em geral estão cautelosos, evitando a semeadura antes da ocorrência de chuvas mais expressivas.
Na região da Campanha, em Aceguá, os produtores retomaram as aplicações de herbicidas, que estavam paralisadas devido ao nível insuficiente de umidade no solo. Em Hulha Negra, ocorreram ataques de ácaros, justificando a aplicação de inseticidas. As lavouras com porte mais baixo receberam aplicações de fertilizantes foliares para estimular o crescimento antes do início da fase reprodutiva. Para as lavouras que estão em fase de floração e início de formação das vagens, as chuvas registradas foram muito importantes para evitar o abortamento dessas estruturas.
Foto: Veziane Sackser – Dom Pedrito – RS
Na de Caxias do Sul, as lavouras apresentam boa sanidade e vigor, e os produtores realizaram tratamentos fitossanitários preventivos. As precipitações, em algumas regiões, foram pouco abaixo da média, mas as condições das lavouras continuaram satisfatórias, mantendo-se a expectativa de bons rendimentos. Em Frederico Westphalen, restam 5% da área de cultivo a ser implantada, especialmente em sucessão a lavouras de milho. A cultura apresenta o desenvolvimento bastante lento, com baixa estatura e sintomas visíveis de déficit hídrico. O controle de plantas invasoras também foi prejudicado, e há elevação da infestação de plantas, como de leiteiro (Euphorbia heterophylla) e de caruru (Amaranthus spp), aumentando a competição por nutrientes e água.
Em Pelotas, as chuvas ocorridas no período favoreceram a recuperação dos cultivos, que, em sua maior parte, estão em desenvolvimento vegetativo. Houve mudança no aspecto visual das lavouras e fechamento de entrelinhas, favorecendo a conservação de umidade nos solos. Os produtores também aproveitaram a reposição de umidade para encerrar o plantio.
Em Porto Alegre, as chuvas favoreceram a retomada do desenvolvimento da cultura. Na Região Centro Sul, em Cerro Grande do Sul, em Dom Feliciano e em Chuvisca, as precipitações foram acompanhadas por granizos, ocasionando perdas. Os agricultores solicitaram cobertura de Proagro.
Em Santa Rosa, apesar das precipitações e melhoria do quadro na maior parte da região, persiste a perspectiva de redução de produtividade. Alguns municípios que decretaram situação de emergência pela estiagem apontam redução de até 20% sobre a expectativa inicial. A semeadura avançou pouco, apenas em regiões onde ocorreram chuvas em volume adequado. A área semeada passou de 94% para 97%, em especial nas áreas onde havia milho, que já foi colhido ou cortado para silagem.
Na maior parte da Região Fronteira Noroeste, os volumes de chuvas foram adequados, e as lavouras do cedo, em áreas de solos profundos, cobriram as entrelinhas com o dossel. Entretanto, a situação é heterogênea, já que, em solos mais rasos, as lavouras foram mais prejudicadas.
Na Região das Missões, o volume precipitado ainda foi insuficiente, e a maior parte das lavouras apresentam menor porte das plantas, encurtamento dos entrenós e aspecto mais amarelado. As lavouras semeadas em meados de novembro apresentam problemas de estande, e os produtores avaliam realizar a ressemeadura com cultivares de ciclo mais curto.
Em Soledade, o déficit hídrico atingiu um número maior de lavouras em florescimento e, de forma pontual, provocou a queda de flores e vagens, afetando o seu potencial produtivo. No entanto, a ocorrência de chuvas proporcionou uma recuperação, ao menos temporária, e os impactos na produtividade ainda são pouco significativos.
Tendência do Clima
Neste sábado, há condições para pancadas de chuva em todo o estado do Rio Grande do Sul. A chuva aumenta e há risco de temporais na Fronteira Oeste, onde a chuva começa logo cedo. Nas demais áreas do estado, a chuva vem mais no período da tarde, em forma de pancadas intercaladas com períodos de bastante sol. As temperaturas diminuem um pouco, mas longe de fazer frio. A tendência é que no domingo (22/01) as pancadas de chuva continuem sobre o estado com condições para chuva forte acompanhadas de raios ao longo da costa gaúcha, como em Rio Grande, por exemplo.
Até a próxima segunda-feira (23/01), há muita água para cair, especialmente em áreas do centro-norte do país, com risco de temporais em São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Pará, Maranhão e Amazonas.
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