Depois do La Niña, um El Niño. Será possível?

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Quando se fala em El Niño e La Niña na cadeia do Agronegócio o ponto de atenção é o monitoramento da previsão climática. Isso acontece por causa dos impactos destes fenômenos que são bem significativos dependendo da região brasileira e da época do ano, pois estão associados a padrões mais chuvosos, secos e quentes ou mais frios não apenas no Brasil, mas em grande parte do globo.

 

Atualmente, estamos passando por um período prolongado sob efeito do fenômeno La Niña, que é caracterizado pelo resfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial (figura 1) e em sua configuração clássica que normalmente está associado ao risco de estiagem no Sul do Brasil e aumento das chuvas sobre o Norte e o Nordeste.

 

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Figura 1 – Anomalia de temperatura da superfície do mar entre 08/01/2023 e 04/02/2023. Fonte https://www.esrl.noaa.gov

 

O fenômeno é um dos responsáveis pela estiagem prolongada que afeta o Rio Grande do Sul e tem provocado quebras de produtividade na Argentina nas últimas safras. Mas, por outro lado também tem favorecido chuvas mais regulares e uma boa produtividade de grãos na fronteira agrícola do Matopiba nos últimos anos.

 

Além disso, a La Niña deixa a atmosfera mais fria e aumenta o risco de ondas de frio tardias na primavera sobre o centro-sul do Brasil. Você deve lembrar no último ano uma forte e atípica onda de frio no início de novembro de 2022, que provocou geada na região Sul e até um episódio de neve na serra catarinense. Foi considerado o evento mais tardio já registrado no Brasil.

 

Possível El Niño para o segundo semestre de 2023?

 

A maioria dos modelos internacionais indica um ligeiro aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial durante o outono e até mesmo um aumento da probabilidade para ocorrência de El Niño a partir do inverno de 2023.

 

Observe abaixo a figura 3: trata-se de um comparativo realizado pelo Bureau de Meteorologia da Austrália entre a previsão, para o mês de junho, de diversos modelos para o índice NINO 3.4, que é medido na área central do Oceano Pacífico Equatorial e é o principal índice estudado para a classificação dos fenômenos El Niño, La Niña ou Neutralidade Climática.

 

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Figura 3- Valor médio previsto para o índice NINO3,4 para cada modelo internacional para o mês de maio. (se as barras cinzas no gráfico estiverem se aproximando ou ultrapassando a linha tracejada azul, há uma tendência de La Niña. Se as barras no gráfico estiverem se aproximando ou ultrapassando a linha tracejada vermelha, há uma chance maior de El Niño). Atualizado em 28/01/2023.  Fonte: http://www.bom.gov.au/

 

A previsão Australiana (BOM) é a mais otimista quanto ao aquecimento do Oceano Pacífico, indicando um índice positivo mais próximo do limiar de El Niño, enquanto outras previsões são mais conservadoras, especialmente a previsão Americana da NOAA (Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos).

 

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Figura 4. Anomalia da TSM registrada(entre agosto e dezembro de 2022) e prevista( de fevereiro a julho de 2023) pelo Bureau de Meteorologia da Austrália  para a região do Niño 3.4. 

 

Leia: Neutralidade climática deve predominar durante o Outono e o início do Inverno 2023

 

O que muda com um possível El Niño?

 

De acordo com a meteorologista Nadiara Pereira, o El Niño, que é caracterizado pelo aquecimento das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial, tem os efeitos opostos a La Niña e normalmente intensifica os sistemas meteorológicos sobre o Sul do Brasil, ocasionando mais chuvas nesta região. Já entre as regiões Norte e Nordeste, aumenta o risco de estiagem.

 

“Se a mudança de sinal se confirmar para o segundo semestre de 2023, os padrões de precipitação para a próxima safra podem ser bem diferentes em relação aos três últimos anos, que foram impactados pela La Niña”, alerta Pereira.

 

Veja abaixo os possíveis impactos:

 

– Diminui o risco de um inverno tão rigoroso e de frio tardio na primavera sobre o centro-sul do país;

– Diminui o risco de atraso no retorno das chuvas para a área central do Brasil na primavera;

– Aumento das chuvas e do calor entre a primavera e o verão sobre a Região Sul e áreas mais ao sul de São Paulo e Mato Grosso do Sul;

– Reduz as chuvas,  aumenta o risco para estiagem entre o Norte e o Nordeste e consequentemente é alto o risco para queimadas nessas regiões.

 

Legenda: diferença das observações médias da temperatura da superfície do mar de 23 de janeiro a 29 de janeiro – Bureau de Meteorologia da Austrália (BoM)

 

 

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