Seca e chuva geram resultados diferentes para o trigo paulista, mas qualidade é superior à safra anterior

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A colheita do trigo está em ritmo de finalização nas áreas produtoras de São Paulo. O volume estimado de produção no estado está na casa das 400 mil toneladas, com qualidade superior à safra anterior. Os dados são da Câmara Setorial do Trigo de São Paulo.

O intervalo de 45 dias na semeadura em diferentes regiões produtoras de São Paulo produziu resultados diferentes no campo, variando de acordo com as condições climáticas distintas encontradas nas fases de desenvolvimento do trigo.

“O rendimento da cultura é dependente de quando o grão foi plantado. O produtor paulista enfrentou a seca no estabelecimento das primeiras áreas e, posteriormente, a condição de chuva, gerando resultados diferentes pelo estado. A qualidade desse trigo, consequentemente, também poderá variar de acordo com a região e com a época de semeio”, explica Bruno Moncks, especialista e gerente de produção de Sementes.

De acordo com a Gerente de Desenvolvimento de Produtos da Biotrigo, Kênia Meneguzzi, variações de temperatura facilitam o enchimento do grão, o que exerce influência direta na qualidade do trigo colhido. Em 2023, São Paulo apresentou temperaturas mais estáveis, com baixa amplitude, e a cultura passou por uma situação de estresse por calor.

No Cerrado, Moncks avalia que as chuvas nos períodos ideais possibilitaram rendimento e qualidade superiores aos registrados no ano anterior. Já nos estados da Região Sul, a precipitação, a giberela e a brusone impactam negativamente as safras, principalmente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

Volume de produção

A área cultivada em São Paulo teve uma redução, em função de um maior espaço destinado ao plantio de cevada. O motivo atribuído para essa troca de culturas foi a baixa rentabilidade trazida pelo cultivo de trigo. O investimento para produzir um cereal de qualidade é superior ao retorno financeiro que isso proporciona.

“Mesmo sob efeito do calor e da chuva no final da colheita, as cooperativas reportam qualidade boa ou melhor para o trigo paulista. Algumas delas destinaram uma menor área para o cultivo, por conta da cevada, mas outras puderam aumentar o número de hectares dedicado ao trigo”, ressalta Ruy Zanardi, presidente da Câmara Setorial.

Cenário interno e externo

Além da chuva que afetou as principais regiões produtoras, outro fator que alterou o cenário interno foi a diminuição da safra argentina, que, por consequência, destinou um volume menor de trigo para exportação.

“Ano passado o Brasil teve um avanço na produção interna, atingindo números recordes. Em 2023, é esperado um volume total inferior no Brasil e, com uma demanda maior do que a quantidade cultivada, a importação ainda é uma importante ferramenta para os moinhos. Quem mais preencheu a lacuna deixada pela Argentina foi o trigo russo, principalmente na região Nordeste”, pontua o analista Élcio Bento da Safras & Mercado.

A guerra entre Rússia e Ucrânia continua influenciando os preços internacionais do cereal, nutrindo um cenário de instabilidade nas principais bolsas do mundo. Com os preços na Rússia reduzidos, a conclusão do analista é de que o mercado passa por um momento baixista.

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