Zoneamentos do sorgo e do milheto orientam produção agrícola

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Foram publicadas no Diário Oficial da União as Portarias de 303 a 350 com o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), ano-safra 2020/2021, para o cultivo do sorgo granífero e do milheto.

 

O Zarc tem o objetivo de indicar períodos de menor risco para o plantio, reduzindo a probabilidade de ocorrerem problemas relacionados a eventos climáticos não desejáveis. Dessa forma, permite ao produtor identificar a melhor época para plantar, levando em conta a região do país, a cultura e os diferentes tipos de solos. O atual zoneamento agrícola de risco climático para o sorgo passou por grandes alterações. “Uma mudança fundamental foi a geração do Zarc específico para o sorgo granífero”, diz o pesquisador Daniel Pereira Guimarães, da Embrapa Milho e Sorgo.

 

A partir de 2021 será disponibilizado o Zarc para o sorgo forrageiro, que estará direcionado principalmente para a fabricação de forragem para a produção animal, tanto na forma de pastejo como silagem. Outra importante inovação nos estudos do zoneamento refere-se ao uso de coeficientes de cultura, que são indicadores da demanda hídrica ao longo das fases de crescimento, incorporando as características de tolerância à seca e permitindo que as áreas de risco sejam coerentes com os sistemas de produção usados nas diferentes regiões brasileiras.

 

A inclusão de faixas de temperatura adequadas para o desenvolvimento dos cultivos contribui para evitar a baixa produtividade em locais de baixas temperaturas, em função da sensibilidade térmica do sorgo granífero e do milheto. “O uso de excesso de água como fator limitante ao crescimento do sorgo granífero e do milheto contribui para os riscos de perdas ocasionadas pela intolerância ao encharcamento do solo e para o impedimento do cultivo em condições propícias ao surgimento de doenças, favorecendo também a maior longevidade das cultivares lançadas no mercado de sementes”, explica Guimarães, que é responsável pelo Zarc das duas culturas no Brasil.

 

Por serem culturas que apresentam características de tolerância a seca e boa adaptabilidade, todos os Estados brasileiros foram contemplados com portarias de Zarc de sorgo e milheto.

 

Zarc

 

Os agricultores que seguem as recomendações do Zarc estão menos sujeitos aos riscos climáticos e poderão ser beneficiados pelo Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) e pelo Programa de Subvenção ao prêmio do Seguro Rural (PSR). Nestes dois programas é obrigatório seguir as recomendações do Zarc.

 

Muitos agentes financeiros só permitem o acesso ao crédito rural para cultivos em áreas zoneadas e para o plantio de cultivares indicadas nas portarias de zoneamento.

 

 

Sorgo e Milheto

 

O sorgo, de origem africana, é o quinto cereal mais cultivado no globo e é adaptado às condições de altas temperaturas e baixa disponibilidade hídrica. Segundo Guimarães, esse cultivo tem importante papel na expansão da produção de grãos no País, em função da adaptabilidade às regiões semiáridas e da possibilidade de produção de uma segunda safra em áreas inaptas para a tradicional dobradinha soja-milho.

 

Outra característica que favorece a expansão do sorgo, descrita pelo pesquisador, é o cultivo em segunda safra em decorrência da redução das janelas de cultivo. Essa redução é causada pelas variações climáticas ou pelo uso de materiais de ciclo tardio na primeira safra, como estratégia de mitigação das perdas pela ocorrência de veranicos. “Para fins comparativos, o sorgo necessita de 330 litros de água para a produção de 1 kg de matéria seca, enquanto o milho e o trigo requerem 370 e 500 litros de água nessa função, respectivamente”, diz Guimarães.

 

“Além do ajuste dessa cultura às condições brasileiras, vários fatores contribuem para a expansão do cultivo do sorgo no País, como a ampla adaptação às condições climáticas, o menor requerimento hídrico, a tolerância à presença de alumínio em solos ácidos, o cultivo totalmente mecanizável e o baixo custo de produção. O sorgo ainda contribui para a redução da infestação de nematoides no solo, produz rações de alta qualidade proteica e livres de toxinas e ajuda na formação de palhada de proteção do solo”, pontua Guimarães.

 

Já o milheto é o sexto cereal mais cultivado no planeta. “O cultivo do milheto está relacionado à proteção dos solos e à alimentação animal e hoje ocupa 4 milhões de hectares como planta de cobertura, apenas na região dos Cerrados, prestando extraordinária contribuição para a sustentabilidade da agricultura tropical”, afirma Guimarães.

 

“A alta incidência de radiação solar nos períodos de estiagem interfere na conservação da água nos solos, na mineralização da matéria orgânica, nas perdas de nutrientes pela ação dos ventos, na formação de ilhas de calor, no aumento da suscetibilidade à erosão, na redução da biota do solo e em outros danos ambientais”, enumera o pesquisador.

 

Outro fator relevante é a alta relação C/N (carbono/nitrogênio) da palhada do milheto, que garante uma maior proteção dos solos e contribui para a supressão das plantas daninhas, reduzindo o uso de herbicidas na lavoura. “O sistema radicular profundo melhora o perfil do solo, facilita a infiltração da água e a descompactação dos solos, além de reciclar os nutrientes das camadas mais profundas. As raízes do milheto são más hospedeiras e atuam na redução da infestação de nematoides nos solos”, explica Guimarães.

 

“Já os custos de produção são baixos, e a implantação pode ser feita por sobre semeadura, inclusive de avião, garantindo o melhor aproveitamento da umidade do solo. Seu uso como planta produtora de forragem para a alimentação animal traz vantagens comparativas em razão da baixa exigência nutricional, adaptação a solos de textura arenosa, alta tolerância à seca e a altas temperaturas, pastejo direto ou na forma de silagem e alta qualidade nutricional”, pontua Guimarães.

 

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