Risco alto: Clima, volatilidade e sem espaço para erro na produção agrícola

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A edição do SolloAgro Summit 2002 terminou com saldo positivo para 640 inscritos divididos entre produtores, consultores, colaboradores do mundo agro, startups, empresas, instituições de pesquisa do segmento que estiveram reunidos durante dois dias de evento. 

 

No último dia de evento, André Dias Malzoni, da consultoria Sparks trouxe dados e  informações sobre pesquisa de mercado e hábitos do produtor na área de defensivos agrícolas e fertilizantes. “As cooperativas tem uma presença muito forte nas regiões Sul, Sudeste Centro-Oeste, mas o hábito de compra do produtor está mudando em direção as revendas e a compra direta, principalmente em áreas agrícolas em expansão no país”, comenta Malzoni.   

 

Consumo

 

O consumo mundial de alimentos deve aumentar 62% até 2025, o que exigirá aumento de produtividade para o Brasil. Para isso, o produtor terá que ajustar suas planilhas de compra de insumos, sementes e adubos. Estudar e conhecer melhor sobre a ciência do solo, o impacto do clima em sua propriedade, escolher a melhor genética da planta para sua região, acertar as máquinas para preparo e manejo do solo e buscar melhores práticas agrícolas de forma sustentável.  

 

Foto: arquivo Istock

 

Economia

 

O destaque do encerramento ficou com o engenheiro agrônomo e doutor em economia aplicada pela ESALQ/USP,  Alexandre Mendonça de Barros, sócio-consultor da MB Agro que trouxe uma análise do cenário macroeconômico do agronegócio. Barros mexeu com a cabeça do plateia. Na opinião do economista, os preços dos adubos continuam altos até a guerra entre Rússia e Ucrânia ser resolvida. No Brasil, existe matéria prima, mas o fluxo de disponibilidade e o custo estão altos. 

 

“Não existe milagre para o país produzir seu próprio fertilizante, sem anexar o custo dos tributos a conta no bolso do produtor rural. Compramos muito fertilizante, mas temos potencial apenas para ser independente em gás natural”, disse.

 

A China abriu mão da soja e colaborou para o Brasil se tornar a potência na exportação de soja e o Brasil virou o maior saldo comercial do mundo. Nos últimos anos, o valor das exportações atingiu números impressionantes.

 

“Minha análise é que o ano de 2022 termine com valores de 137 bilhões de dólares, em exportações”, disse Mendonça de Barros.

 

Durante a palestra, o economista disse que a Ásia continua crescendo e dependência dos produtos brasileiros ainda será tendência. Já, o leste europeu é o maior concorrente do Brasil. Apesar do clima frio e baixa luminosidade, a capacidade produtiva ainda é alta. 

 

“A guerra da Rússia e Ucrânia está redesenhando a produção de alimentos e isso vai exigir do produtor brasileiro muito conhecimento e inteligência estratégica”, aponta Barros.

 

Estoques

 

De acordo com o consultor, os estoques continuam apertados e qualquer problema climático como a seca e furações nos EUA ou estiagem, chuva em excesso ou até novos episódios de geadas no Brasil podem aumentar a volatilidade. Um exemplo, será a laranja da Flórida que pode sofrer não só com o calor e seca, mas com a temporada de furações. Se houver qualquer desarranjo com a fruta americana, o Brasil terá oportunidades para embarcar também o suco processado. 

 

A produção brasileira de laranja na safra 2022/23 deve somar 414,4 milhões de caixas de 40,8 kg, de acordo com o escritório de comércio agrícola do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em São Paulo. O volume representa aumento de 15,2% ante a temporada anterior, que tem produção estimada em 359,7 milhões de caixas.

 

A produção brasileira de suco de laranja concentrado e congelado (FCOJ, na sigla em inglês) deve somar 1,138 milhão de toneladas em 2022/23, um aumento de 21% ante o ciclo anterior, disse o escritório. Já as exportações devem ter leve aumento de 3% na mesma comparação, para 1,04 milhão de toneladas.