Uma frente fria, que está avançando pelo Rio Grande do Sul nesta segunda-feira (15) e espalha chuvas por todo o Sul do Brasil até a metade da semana. Além disso, a intensificação de uma área de baixa pressão atmosférica deve potencializar as chuvas e temporais entre o norte do Rio Grande do Sul e o interior do Paraná.
Algumas localidades podem receber mais de 100mm e as chuvas podem acontecer acompanhadas por ventos fortes e até mesmo granizo, principalmente entre a quarta (17) e a quinta-feira (18). As chuvas devem paralisar atividades de tratos culturais nas lavouras de culturas de inverno e a colheita do milho segunda safra no Paraná.
A produtora rural Carla Rossato, disse que o milho na região de Sertaneja e primeiro de maio, no norte do estado paranaense está em fase de colheita.
“Em algumas áreas observei que o milho não desenvolveu 100%, algumas espigas mostram o efeito das ultimas geadas. Nesta fase de colheita, o que preocupa é o vento e também uma chuva de granizo que pode estragar todo o milho que ainda não foi colhido”, enfatiza a produtora.
Entre o sul e oeste gaúcho, com o afastamento das instabilidades na terça-feira, 16/08, as condições para chuvas diminuem e ao longo da semana a nebulosidade ficará variável e episódios de chuva podem ocorrer até a metade da semana, mas de forma muito isolada.
Foto: arquivo istock
Chuva no Centro-Oeste
A chuva deve se estender com forte intensidade para Mato Grosso do Sul, onde os volumes podem chegar a 80mm entre o sul e leste sul mato-grossense e a São Paulo, onde pode chover mais de 60mm no sul do Estado.
Até a quinta-feira (18/08), episódios mais isolados e com menores volumes também se espalham sobre partes de Mato Grosso, extremo sul de Goiás, sul de Minas, triângulo mineiro e zona da mata mineira. O sistema começa a perder força e se afastar para o Oceano a partir da sexta-feira (19/08), quando as chuvas ficarão mais costeiras.
Intensa massa de ar polar
Associado a frente fria, uma intensa massa de ar de origem polar, que deve provocar declínio acentuado das temperaturas durante a segunda metade desta semana sobre o centro-sul do país.
Nas regiões serranas do Sul do Brasil, há risco para ocorrência de neve entre a noite da quinta (18/08) e a madrugada da sexta-feira (19/08). Já no interior da região, com o tempo aberto, aumenta o risco para ocorrência de geadas mais amplas e fortes a partir da madrugada da sexta-feira (19/08). As geadas devem ser fortes na madrugada da sexta-feira (19) e do sábado (20) entre o interior gaúcho e a metade sul do Paraná.
A tendência é o que o fenômeno ocorra também de forma mais isolada e com moderada intensidade sobre o norte do Paraná, sul de Mato Grosso do Sul, sul de SP, extremo sul de Minas e regiões de serra, principalmente na madrugada do sábado (20/08).
No domingo (21/08), o frio começa a perder intensidade, mas as geadas ainda podem se formar mais isoladas sobre o interior da região Sul.
Danos para a Agricultura
No Paraná, mais de 30% das lavouras de trigo já estão em estágio de floração, de acordo com dados do Departamento de Economia Agrícola (Deral). No Rio Grande do Sul, apenas 3% das lavouras estão neste estágio, segundo a Emater-RS.
O fenômeno deve trazer danos para lavouras de cultivos de inverno, com o trigo, que estão na fase de floração. As lavouras de milho segunda safra mais tardias do Paraná e até o café do norte paranaense, como a região de Mandaguari podem registrar o fenômeno com previsão de temperatura mínima abaixo de 3°C.
A geada pode ser prejudicial para lavouras de milho segunda safra de Mato Grosso do Sul e a cana de açúcar do sul do estado. No sul de São Paulo, também há chance para ocorrência do fenômeno. As demais áreas do interior do Sudeste e do Centro-Oeste, serão observados um declínio acentuado das temperaturas, durante o final de semana, mas não há previsão para extremos de temperatura mínima com potencial para provocar geadas.
Hortaliças
A região do Alto Tietê, conhecida como o cinturão verde de São Paulo, é responsável pela produção de hortaliças, frutas, flores e cogumelos. A cidade de Mogi das Cruzes, a terra do caqui, também lidera a produção de nêspera, cogumelos e orquídeas do país. A cidade, que abriga parte do cinturão verde da Região, produz milhares de toneladas de hortaliças que abastecem o mercado de São Paulo e do Brasil todos os anos.
A maioria dos produtores da região trabalham no sistema intensivista, ou seja, praticamente todos os dias há colheita de hortaliças no campo destinada ao mercado local e de São Paulo. Há também áreas com mudas e hortaliças em várias fases de estágio de desenvolvimento.
A agricultura familiar também é muito presente no Alto Tietê. A produtora rural Simoni Silotti, está preocupada.
“Diante, do alerta de frio intenso vamos antecipar a colheita e programar as doações para o projeto Faça bem incrível e combate a fome e desnutrição”, relata a produtora.
Com relação aos cultivos de estufa, Silotti contou que a maioria das estufas além da cobertura superior há uma tela de proteção no entorno. Se ocorrer ventos moderados a fortes, a umidade e o frio entram nas estufas e atinge as bancadas de hortaliças localizadas nas bordas da área, provocando perdas ao produtor.
A meteorologista Nadiara Pereira informa que na sexta-feira (19/08), o tempo ainda deve ficar bastante nublado, com condições para chuva e vento na região do Alto Tietê. No sábado (20/08), com umidade alta e se o tempo permanecer nublado, diminui o risco pra frio extremo. Mas, tudo vai depender das condições do tempo ao longo da madrugada. Se, a nebulosidade se dissipar mais cedo e o tempo abrir na madrugada, o risco para frio intenso será maior.
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