O tempo e o clima sempre estiveram diretamente associados à capacidade produtiva da agricultura, desde que o homem deixou a caça e a coleta de lado, e partiu para essa atividade que mudou o rumo da humanidade.
O desenvolvimento (ou a queda) de grandes impérios também estava relacionado com a capacidade do homem em entender as variações meteorológicas, a sazonalidade do clima e os extremos, como geadas, neve, estiagem, dentre outros.
Hoje sabemos que além do ciclo sazonal das estações, existem outros ciclos climáticos extremamente importantes e relevantes, não apenas para agricultura, mas também para todas as atividades humanas. Claro que estamos falando de ciclos como o El Niño e o La Niña, mas hoje a ciência já conhece, estuda e faz projeções de outros ciclos climáticos, com variabilidades que vão desde a escala de anos, até a escala de milênios.
Foto/Reprodução Getty Images
O primeiro registo que temos sobre a observação de ciclos climáticos foi justamente o padrão ENSO (El Niño Oscilação Sul), feito por pescadores peruanos por volta de 1600. Eles notaram que conforme a temperatura do oceano mudava, alterava a quantidade de peixes. Quanto mais quente as águas, menos peixe. E essa variação obedecia a um certo ciclo. E esse ciclo é justamente a variação entre o El Niño e La Niña.
Foi nos anos 1980 que a sociedade científica passou a estudar com mais detalhes o ENSO, e os termos El Niño e La Niña passaram a fazer parte das análises e projeções climáticas. O agronegócio passou a entender bem os efeitos regionais de cada um desses fenômenos. Mas finalmente chegamos no objetivo desse artigo: demais ciclos climáticos que também interferem no agronegócio e demais segmentos da economia.
O ciclo chamado Oscilação Decadal do Pacífico (ODP) possui uma frequência que varia entre 20 e 30 anos, e junto com o ENSO, podem intensificar ou enfraquecer determinadas condições climáticas. O gráfico abaixo mostra a variação do ODP, indicando décadas “quentes” e “frias” desde o ano de 1900. De forma bem objetiva, diferentes ciclos, de diferentes intensidades e diferentes frequências podem interagir e potencializar determinados cenários.
Outro exemplo são os ciclos solares, que também têm o seu papel nos cenários climáticos. E quando ouvimos falar em Era do Gelo, por exemplo, o período está também associado aos ciclos climáticos de longo prazo, com frequência de séculos ou milênios.
Uma pergunta que surge é: as mudanças climáticas que essa geração está presenciando, são resultado de algum ciclo climático? Não temos como mensurar o peso das ações antropogênicas nas mudanças climáticas, mas o que não podemos negar é que o homem vem atuando como grande emissor de poluentes, e as atuais taxas de aquecimento apenas confirmam o fato de que temos sim um papel extremamente significante nesse processo de mudanças no clima. Podemos afirmar que nos últimos 3 séculos fomos responsáveis por inserir novos componentes nos ciclos climáticos, mas a boa notícia é que ainda podemos minimizar esses efeitos, e quem sabe um dia, termos as influências apenas dos ciclos naturais climáticos.
Quer saber a previsão climática para os próximos meses? Será que o La Niña está enfraquecendo? Leia também a matéria: O La Niña irá continuar no Verão 2022/23?
Texto produzido por Willians Bini, Head de Agronegócios da Climatempo.