Milho 2ª safra: clima deve contribuir para aumento da produção

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PROJEÇÕES PARA A SAFRA 2022/23

 

As projeções para a safra atual vêm indicando um recorde de produção da grãos no Brasil e boa parte se deve as expectativas de produção de milho, em especial da segunda safra.  Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de grãos para o ciclo 2022/23 está estimada em 310,6 milhões de toneladas. O quinto Levantamento da Safra de Grãos, sinaliza um incremento de 38,2 milhões de toneladas em relação à temporada anterior.

 

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Foto: Reprodução Getty Images

 

Para o milho, a previsão é de 123,4 milhões de toneladas, um aumento esperado de 9,1% comparando-se à safra anterior. Esse aumento na produção total é resultado do aumento de área de milho segunda safra em conjunto com uma recuperação da produtividade projetada em campo das três safras. A Conab projeta um aumento de 3,4% na área plantada e de 7,3% da produtividade do setor. A produtividade só não será maior, devido à estiagem e o calor excessivo que tem atingido o Rio Grande do Sul e provocado perdas de produtividade na primeira safra no Estado.

 

Porém, as condições mais favoráveis do clima devem alavancar a produtividade das lavouras na área central do país e as projeções climáticas previstas estão favoráveis a uma boa segunda safra de milho. Somente da segunda safra se esperam 95 milhões de toneladas, com variação positiva de 10,6%.

 

PLANTIO DO MILHO SEGUNDA SAFRA

 

O plantio do milho segunda safra avança em muitas áreas produtoras à medida que a soja é colhida das lavouras. Porém, o que se observa nas lavouras é um atraso na instalação do milho, devido ao atraso da colheita da soja, ocasionado por excesso das chuvas. Até o dia 11 de fevereiro a área plantada da segunda safra superava 20%, bem abaixo dos 35% semeados no mesmo período da safra passada. O estado mais avançado com o plantio é Mato Grosso, com 35,9% da área plantada, mas também bastante atrasado em relação ao ciclo anterior, quando nesta mesma época já havia sido plantada 58,5% da área estimada.

 

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Além do atraso da colheita da soja, devido às chuvas volumosas, houve também um atraso no plantio da soja em algumas áreas e o alongamento do ciclo da cultura por causa das baixas temperaturas registradas no início da temporada nas áreas mais ao Sul do país. Esse atraso resulta em uma menor janela ideal para o plantio do milho e por isso alguns produtores podem optar pela troca de culturas a serem semeadas como sorgo ou feijão. No Sul, por exemplo, onde os produtores evitam plantar o milho muito tarde para diminuir o risco das lavouras serem afetadas por frio intenso, na fase de desenvolvimento das lavouras, os produtores podem priorizar as culturas de inverno e passar a apostar mais no trigo. 

 

COMO A DISTRIBUIÇÃO DAS CHUVAS PODE IMPACTAR

A SEGUNDA SAFRA DO MILHO NOS PRÓXIMOS PERÍODOS?

 

A curto prazo estão previstas chuvas fortes nas principais áreas produtoras da cultura, o que deve continuar impactando a colheita da soja e retardando o plantio do milho segunda safra.  Na última semana do mês de fevereiro, a atuação de uma frente fria e um ciclone extratropical no oceano devem provocar chuvas fortes e persistentes sobre áreas produtoras do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Além das chuvas, há expectativa para declínio da temperatura máxima, uma condição típica de invernada, condição que paralisa as atividades no campo, especialmente entre o Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, sul de Minas Gerais, sul de Goiás e em Mato Grosso. 

 

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Precipitação acumulada prevista para os próximos 5 dias | Temperatura máxima prevista para os próximos 5 dias

 

PREVISÃO PARA OS PRÓXIMOS MESES 

 

Para os próximos meses, a tendência é que a umidade fique mais concentrada sobre a metade norte do Brasil e são esperadas, inclusive, chuvas acima da média entre março e abril sobre partes do centro e norte do País. Grande parte das áreas produtoras do Sudeste, do Centro-Oeste e do Matopiba devem registrar chuvas entre a média ou ligeiramente acima da média, o que, apesar de em alguns momentos impactar os trabalhos em campo, deve favorecer a manutenção da umidade do solo para o bom desenvolvimento das lavouras de milho segunda safra.

 

Áreas entre o interior da região Sul, interior de São Paulo e Mato Grosso do Sul devem ter uma mudança de padrão, em relação aos últimos períodos, e uma redução das chuvas. Os episódios dever ocorrer mais espaçados e os volumes devem ocorrer entre a média ou ligeiramente abaixo da média nos próximos meses. Ainda assim, não há previsão para corte das chuvas sobre essas áreas. Vale chamar a atenção, que devido o enfraquecimento do fenômeno La Niña, o risco de encurtamento do período chuvoso sobre interior do Brasil, no outono, diminui.

 

As chuvas devem ocorrer sobre grande parte das áreas produtoras até pelo menos o mês de abril e previsões mais estendidas indicam que até mesmo maio, que costuma ser um mês bastante seco no interior do país,  há possibilidade para eventuais episódios de chuva chegando as áreas produtoras do Brasil central. Áreas do sul e oeste do Paraná e sul de Mato Grosso do Sul merecem mais atenção, pois podem ser mais afetadas pela falta de umidade. Tanto em abril, quanto em maio tem previsão de desvio negativo de precipitação mais acentuado.

 

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Previsão de desvio da precipitação para março, abril e maio de 2023. Fonte: Climatempo

 

Quanto às temperaturas, as previsões estendidas indicam risco de frio mais intenso sobre o Sul, a partir de meados de maio e principalmente no decorrer do mês de junho. Ainda é muito cedo para falarmos de risco de geada, no entanto, as previsões de longo prazo indicam risco maior para esse fenômeno a partir da segunda quinzena de junho sobre áreas produtoras entre o sul e oeste do Paraná.

 

É importante monitorar essas condições, pois as previsões mais estendidas ainda podem sofrer oscilações e geada é um fenômeno com previsibilidade de curtíssimo prazo. Vale ressaltar que a maior parte do outono deve ser marcada por neutralidade climática no Oceano Pacífico Equatorial, mas ainda com viés frio, devido ao período prolongado sob influência do fenômeno La Niña. Como entraremos na próxima estação com uma atmosfera mais fria, não se descarta a antecipação de ondas de frio mais intensas neste ano.  

 

TEMPERATURAS PREVISTAS PARA TOLEDO – PR

 

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Temperaturas mínimas e máximas previstas entre maio e junho de 2023 para a cidade de Toledo – PR.

Fonte: Agroclima PRO 

 

Texto produzido por Nadiara Pereira, meteorologista da Climatempo