Setor privado precisa desburocratizar exportação halal

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O vice-decano do Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil e embaixador do Marrocos, Nabil Adghoghi, disse na última segunda (23/10), durante a segunda edição do Global Halal Brasil Business Forum, na capital paulista, que a relação entre Brasil e países árabes ultrapassa a troca comercial e abre horizontes para investimentos mútuos em vários setores, incluindo mercado de produtos halal. 

“Para isso, é indispensável uma maior participação do setor privado nacional com a intenção de fortalecer a promoção comercial e investimentos conjuntos”, afirmou, destacando a necessidade de uma redução de barreiras aduaneiras abrangendo especialmente o comércio marítimo. 

Foto: Guilherme Augusto – Global Halal Brasil Business Forum

Em sua visão, é imperativa a adoção de um amplo aperfeiçoamento na integração logística que envolva toda a cadeia produtiva e de comércio entre os povos. 

Adghoghi aproveitou para mencionar as diversas oportunidades existentes no mercado de consumo muçulmano, que engloba 1,9 bilhão de pessoas, cerca de ¼ da população mundial, movimentando cerca de US$ 2 trilhões nos segmentos da economia nos últimos anos. 

“Apesar do maior destaque nas exportações brasileiras para os países árabes atualmente advir em sua grande maioria da carne halal e de tudo o que envolve o setor alimentício, os fármacos, cosméticos, moda e setor de turismo devem movimentar ainda mais, em alguns anos. As projeções dão conta de um aumento para US$ 2,8 trilhões até 2025”, revelou.

Para ele, as oportunidades de crescimento são inúmeras e certamente serão mais bem aproveitadas se os produtores e donos de empresas compreenderem que o movimento halal é cada vez mais uma bandeira que deve unir as pessoas, na medida em que há uma demanda crescente por ofertas de produtos e serviços efetivamente regulamentados.

“Se pensarmos que apenas no continente europeu vivem cerca de 20 milhões de muçulmanos que desejam consumir experiências verdadeiramente halal fica fácil concluir que estamos falando de uma realidade que ultrapassa questões religiosas: trata-se de uma cultura de saúde que só deve fazer crescer ano após ano”, adicionou. 

Assim como outros líderes presentes no evento, Nabil Adghoghi não escondeu sua preocupação com os recentes conflitos envolvendo israelitas e palestinos, demonstrando contentamento com o papel desempenhado pelo Brasil como presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidas na busca pelo fim das hostilidades no Oriente Médio.

“Desejo que o Brasil siga adotando uma postura de auxílio à ONU (Organização das Nações Unidas) e que além de enviar alimentos e ajuda médica à população da Faixa de Gaza, que tudo isso culmine para um cessar fogo objetivando a proteção dos inúmeros civis envolvidos nesta situação”, resumiu. 

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