Calor e falta de umidade no solo acende o alerta para produtores de soja em MT

CompartilharsocialIconsocialIconsocialIcon

Sol, céu azul, vento e nada de chuva. A falta de chuvas e o calor extremo têm provocado prejuízos nas lavouras de soja em Mato Grosso, com perdas de produtividade, necessidade de replantios e comprometimento da janela de semeadura do milho. Produtores já afirmam que vão reduzir a área destinada para o cereal e há também agricultores que não vão semear a cultura na safra 2023/2024. Há também uma possibilidade de substituir a soja pelo algodão.

A situação está difícil para os produtores de soja em Alto Sapezal (MT). As lavouras plantadas no dia 15 de setembro (mais de 3 mil hectares) em algumas propriedades estão passando por estresse hídrico. O aspecto das lavouras é um tom amarelado e murcho. Em Tangará da Serra (MT), a seca e a falta de chuva em lavouras com 43 dias de desenvolvimento estão morrendo.

Foto: Aprosoja – MT

O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Fernando Cadore, destaca que as condições das lavouras preocupam. De acordo com o Imea, a semeadura da soja alcançou 91,82% nesta sexta-feira (10) e está 3,69 pontos percentuais atrasados em relação à média dos últimos cinco anos.

O produtor Ronan Poletto, da Fazenda Juliana, em Sorriso, que iniciou o plantio da soja com 10 dias de atraso. Em razão do clima atípico, Poletto prevê uma redução de 15% a 20% na produtividade. Ele relata que na safra anterior colheu 64 sacas de soja por hectare e espera colher apenas 55 sacas nesta safra.

“Nesse ano, se a gente conseguir 55 sacas de soja seria um feito histórico. Já o milho, os últimos talhões, vão ficar no risco, não vai produzir 100%. Também temos uma área em Itanhangá e vamos reduzir a área de milho em 40%. Está muito tarde, não adianta arriscar, é arriscar para perder. Numa época dessa, o melhor é perder menos, arriscar menos”, afirma Poletto.

Tendência do Clima

Uma frente fria que está avançando pela costa do Brasil espalha instabilidade sobre a metade norte do país. Episódios de chuva se espalham sobre áreas que estavam enfrentando déficit hídrico e calor extremo nas últimas semanas. São esperados episódios de chuva até a próxima quarta-feira entre as áreas mais ao norte do sudeste, inclusive Espírito Santo e norte de Minas Gerais, áreas mais ao norte do Centro-Oeste, entre Goiás e Mato Grosso, e interior do Matopiba.

No Matopiba, os episódios serão bem mais isolados e com fraca intensidade, mas devem atingir áreas produtoras do oeste da Bahia, Sul do Piauí, Sul do Maranhão e interior do Tocantins. Na região Norte as chuvas também se espalham pelos centro-sul do Pará, grande parte do Amazonas, Acre e Rondônia. De uma forma geral a chuvas devem ocorrer na forma de pancadas, devem trazer um alívio para o tempo seco e o calorão, mas não devem trazer homogeneidade de umidade no solo. Ou seja, nem todas as áreas serão beneficiadas por essa chuva.

A partir da terça-feira, 21, a chuvas vão retornar ao Sul do Brasil. Já na terça-feira, há risco de temporais sobre a fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai e a partir da quarta-feira a chuva se espalha e ganha força desde o interior gaúcho até o interior paranaense, onde algumas localidades podem receber mais de 70 mm até a próxima sexta-feira. Na segunda metade da semana as instabilidades diminuem sobre as áreas mais ao norte do país, enquanto as chuvas do Sul do país vão avançar para áreas do interior do Sudeste e do Centro-Oeste.

A partir do dia 23 são esperados episódios mais intensos de chuva entre Paraná, São Paulo, sul e Triângulo Mineiro, sul de Goiás e Mato Grosso do Sul. Até o final de novembro as chuvas devem continuar mais atuantes e se espalhando pelo centro sul do Brasil, inclusive são esperados episódios mais frequentes de chuva sobre Mato Grosso, mas ainda na forma de pancadas, que beneficiam áreas produtoras de forma regionalizada. Nos primeiros dias de dezembro as chuvas devem voltar a se espalhar mais sobre a metade norte do Brasil, avançando de forma moderada sobre o interior da fronteira agrícola do Matopiba.

Aos poucos as chuvas devem se tornar mais frequentes sobre o centro e norte do Brasil no decorrer da primeira quinzena de dezembro, mas ainda assim, as chuvas vão continuar ocorrendo na forma de pancadas, com distribuição espacial irregular e os volumes ainda abaixo do que é normal para a época do ano.

Conheça a Central El Niño        

A maior consultoria de meteorologia da América Latina, com mais de 30 safras de bagagem! Conheça a Central El Niño da Climatempo. Aqui você tem palestras personalizadas para sua operação em campo! Clique neste link e solicite seu orçamento!