A onda de calor que atinge parte do interior do Brasil já está dando sinais na agricultura de alguns estados. O tempo quente e seco que predomina há alguns dias tem provocado a queda da umidade do solo. O milho segunda safra em desenvolvimento está sentindo os efeitos do calorão.
Débora Cristina é produtora em Luiziana, no noroeste do Paraná e já sente os efeitos da onda de calor em suas lavouras. As folhas das hastes do milho já começaram a dobrar. “O milho poderia dar 270 sacas por alqueire, mas por causa do tempo seco, alta temperatura e a falta de chuva se conseguir tirar 120 sacas por alqueire, será muito”, relata a produtora. No oeste de São Paulo, região que também está sob a influência do bloqueio atmosférico vive a produtora Giovana Pereira que plantou milho. De acordo com Pereira, o milho está na fase vegetativa e o calor tem prejudicado o desenvolvimento da cultura. Veja o vídeo da duas produtoras:
O impacto da temperatura elevada nos campos de milho
De acordo com o engenheiro agrônomo Hayver Olaya Tellez, condições de alta temperatura prolongada geram impactos negativos. Estes efeitos variam segundo os estágios fenológicos da planta, podendo ir desde redução significativa da germinação das sementes até senescência prematura. Em condições de temperatura elevada se produz aceleração do processo metabólico e nos períodos mais frios, o metabolismo diminui. Essa oscilação metabólica acontece normalmente quando a cultura se encontra dentro dos limites extremos de tolerância do milho, entre 10°C e 30°C. Condições ideais desde emergência até floração no milho estão entre 24°C a 30 °C.
O que a alta temperatura é o estresse hídrico causa no metabolismo do milho?
As plantas em condições de calor extremo tem um consumo energético elevado aumentando a demanda por água, o que acelera o desenvolvimento e florescimento do cereal. Tellez explica que isso gera alterações no crescimento, plantas desiguais, diminuição da produção e qualidade dos grãos, aumento da sensibilidade a pragas e doenças. Em condições de temperatura superior a 35°C, ocorre diminuição da atividade da redutase do nitrato, reduzindo o rendimento e a composição proteica dos grãos.
Atividade enzimática da planta
Temperaturas extremas diminuem a atividade enzimática adequadamente. Na fase vegetativa, as plantas procuram acelerar seu desenvolvimento e florescimento. Já na polinização, temperaturas acima de 33°C diminuem a viabilidade e germinação do grão de pólen ocasionando redução da produção de grãos. “Temperaturas noturnas superiores a 24°C proporcionam um aumento da respiração, ocasionando uma diminuição da taxa de fotossimilados”, acrescenta o engenheiro agrônomo.
Há perda de Biomassa?
Períodos prolongados de temperatura extrema geram perturbações no desenvolvimento adequado do milho. A fase de florescimento do milho é onde a produção será definida. ” O produtor deve estar atento, pois o aumento da transpiração e danos no sistema radicular reduzem a absorção de água e nutrientes, diminuindo a produção de biomassa e qualidade do grão no milho”, finaliza Tellez.
Onda de calor continua no Brasil Central
O bloqueio atmosférico persiste nos próximos dias sobre parte do Brasil Central e o tempo quente e seco será observado em várias áreas agrícolas o que pode causar transtornos as lavouras de milho segunda safra. Observe que no mapa abaixo as áreas em vermelho podem registrar temperaturas mais de 5ºC acima da média.
Veja abaixo como fica o clima para o Rio Grande do Sul nos próximos dias
Uma frente fria passa pelo Rio Grande do Sul nesta quarta-feira, 8 de maio, e, na próxima quinta-feira, 9, o ar frio polar que vem com esta frente fria vai esfriar o Uruguai e até o Rio Grande do Sul. Áreas no sul gaúcho devem amanhecer com temperaturas um pouco abaixo de 10 °C. No próximo fim de semana, 11 e 12 de maio, uma segunda frente fria deve chegar ao Brasil e ao norte da Argentina com mais força. É esta frente fria que deve dar as primeiras “marretadas” no bloqueio atmosférico, começando a abrir o caminho para outras frentes frias.
A massa de ar polar que vem com esta segunda frente fria deve entrar forte no Sul do Brasil, gelando os três estados e mantendo as nuvens carregadas afastadas do Rio Grande do Sul por dois ou três dias. Deve esfriar até o Mato Grosso do Sul e áreas ao sul e oeste de Mato Grosso. O ar frio vai chegar em parte do Sudeste e baixar a temperatura.
Vai parar de chover no Rio Grande do Sul?
No decorrer da segunda quinzena de maio, com a expectativa de enfraquecimento do bloqueio atmosférico, e até rompimento efetivo, o Rio Grande do Sul terá vários períodos com predomínio de sol, frio e sem chuva. Mas outras frentes frias vão passar pelo estado, só não ficarão paradas por lá. Assim, ainda teremos eventos de chuva até o fim do mês, intercalados com os dias de sol e frio, mas que não trarão chuva tão persistente e volumosa como se observa desde o fim de abril e na primeira semana de maio de 2024.
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