Na média, maio será seco em grande parte do Brasil e pode interferir em diversas culturas

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A falta de chuva e o calor excessivo durante o mês de abril causaram prejuízos em plantações de várias culturas, preocupando produtores de grande parte do país. A adversidade climática, causada pelo fenômeno El Niño, trouxe um cenário inesperado, com tempo mais seco que o normal e recordes de calor em algumas cidades.

 

Depois de um início de outono muito quente, o final de abril surpreendeu, com a chegada de uma forte frente fria acompanhada do ar polar que atingiu diversas regiões brasileiras. Essa mudança no tempo trouxe alívio para alguns produtores e prejuízo para outros, porém aquele calor de Abril não volta mais, segundo a Climatempo.

 

 

Na região Centro-Oeste, a tendência é que o mês de maio seja de chuva de normal a abaixo da média na maior parte das áreas e, com temperatura ligeiramente acima da média. Segundo Cristiano Palavro, Consultor Técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás – FAEG, o estado passou quase 30 dias de seca, e a esperança agora é que essa mudança no clima traga umidade. “Se as chuvas se confirmarem, será muito bom para o milho. Por mais que a temperatura caia, não temos riscos de geada e o clima mais fresco durante a noite é benéfico para a cultura”, afirma.

 

O consultor conta que atualmente o milho safrinha está em período crítico devido à falta de chuvas. “A gente fez uma estimativa e o resultado foi de perda muito significativa, com prejuízo de cerca de 40% nesta safra”. Ele explica também que, mesmo estando na metade do desenvolvimento da planta, o resultado esperado era 8,2 milhões de toneladas, mas deve ser de apenas cinco caso a expectativa seja confirmada.

 

Na região Sudeste os produtores esperam por um pouco de chuva, ainda neste mês de maio. Para se ter uma ideia, no Espírito Santo, as produções de café, pimenta, pastagem e leite foram muito afetadas pela falta de pluviosidade e os agricultores esperam que a chegada da umidade traga alívio para o estado.

 

De acordo com Fabrício Gobbo Ferreira, engenheiro agrônomo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR e Federação da Agricultura do Estado do Espírito Santo – FAES, a preocupação é a seca. “Ano passado teve pouca água e nesse ano não tivemos nenhuma chuva expressiva nesses últimos meses. Estamos aguardando que a frente fria traga um alívio. O estado está sendo castigado pela onda de calor”, afirma.

 

A situação é bem diferente no Sul, que registrou chuva no mês de Abril e sofreu com temperaturas abaixo de 0°C, geadas e registro neve em alguns pontos. No Paraná, a preocupação é que ocorram muitas geadas na região central do estado, afetando o milho safrinha, a cultura que mais sofre nesta época.

 

Pablo Nitschi, engenheiro agrícola do Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR, explica que a frente fria afeta diretamente o desenvolvimento do milho. “A cultura está em fase de enchimento do grão, então a interrupção desse processo gera grãos murchos e produção insuficiente”, conta.

Como não há nenhuma prática agrícola para proteger a cultura do frio, Pablo explica que é essencial respeitar o zoneamento agrícola, ou seja, um estudo elaborado para minimizar os riscos relacionados aos fenômenos climáticos. Plantando na época e no local corretos, o risco na produção diminui consideravelmente.

 

Segundo Alexandre Nascimento, meteorologista da Climatempo, a região Sudeste, pode ter um mês de maio com chuva de normal a abaixo da média na maior parte das áreas. São Paulo também é o único estado do Sudeste que deve ter precipitações, entre os dias 12 e 17. Com relação a temperatura é que fique ligeiramente acima da média para o mês.

 

No Sul, chuva abaixo da média com exceção do leste catarinense com temperaturas perto da média normal. Como não é possível proteger totalmente as plantações contra as ações do clima, os produtores devem ficar atentos às previsões. Junto com o enfraquecimento do El Niño, o outono deve causar a redução da chuva em grande parte país, já que essa é a principal característica da estação.