Clima impacta São João e a inflação

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Junho começou e com ele a expectativa da chegada do inverno. O mês também é marcado por festas juninas espalhadas por todo o país. É tradição, noite de São João, de fogueira, bandeirinhas e comida típica que não pode faltar na mesa.

 

No entanto, nos últimos 12 meses, o preço médio dos ingredientes que compõem os alimentos juninos subiu 13,12%, acima da inflação registrada neste período (10,08%). Os dados são do índice medido pela Fundação Getúlio Vargas, o IPC/FGV IBRE. A batata inglesa saltou 71,35% e a couve 29,34%. O açúcar refinado aumentou 42,02% e a maça 28,68%. Os analistas econômicos apontam que a razão para o aumento dos preços está no céu e nas mudanças do clima. 

 

Foto: Getty Images

 

A estiagem do final de 2021 e a geada neste outono de 2022 impactaram a produção no campo e, consequentemente, o reflexo chega à mesa do consumidor. 

 

“Tudo que acontece fora da época é ruim. Verão tem que chover e inverno precisa ficar seco. Então, chover em junho, época em que acontece colheita de várias culturas, não é bom. Claro que pode beneficiar uma ou outra área, mas de uma forma geral, não será bom. Ainda assim, não vejo a chuva atrapalhando a agricultura a ponto de piorar o PIB, como a seca do verão fez. Pode piorar a qualidade de algumas culturas, mas não inviabilizar uma safra inteira como a estiagem provocou no verão”, comenta o agrometeorologista Celso Oliveira.

 

Cana nordestina 

 

Em Pernambuco, as chuvas destruíram plantações inteiras de cana de pequenos produtores rurais e a safra está comprometida. Mais de 8 mil produtores e 200 mil trabalhadores vivem desta cultura no estado. 

 

As lavouras plantadas recentemente terão que ser replantadas a um custo de R$ 12 mil reais, o hectare. De olho nas festas juninas o agricultor Davi Lins plantou milho, goiaba e mamão. “Perdi tudo com a chuva. Tudo virou lama e terei que começar tudo de novo, do zero”, disse o produtor. 

 

O impacto da chuva atingiu a cooperativa de Timbaúba, município pernambucano. O rio Cruangi subiu tanto que invadiu o pátio e atingiu algumas máquinas de solda e motores.    

 

Tendência do clima 

 

Entre domingo (5/6) e segunda-feira (6/6), a formação de um sistema de baixa pressão e um ciclone extratropical vão espalhar nuvens carregadas e favorecer há ocorrência de chuva forte no Rio Grande do Sul. Até o dia 09/06, os acumulados projetados podem chegar a 150 milímetros, principalmente no centro e oeste gaúcho. 

 

Chuva se espalha pelo Brasil 
 

Do dia 03 a 09/06, há uma tendência do retorno da chuva em áreas de São Paulo, sul e leste de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, sul e sudoeste de Goiás e sul e oeste de Mato Grosso. As áreas produtoras de café devem ter problemas. A quantidade de chuva prevista para o café arábica pode comprometer o grão que está no terreiro passando pelo processo de secagem.

 

A chuva pode favorecer a cana recém instalada, mas em Mato Grosso do Sul, o ritmo da colheita da cana diminui já que a quantidade de chuva prevista é maior. No Mato Grosso, a chuva pode interferir na qualidade da pluma do algodão.

 

No Paraná, 21% das lavouras de milho encontram-se em maturação e 63% em frutificação. Além disso, 82% das lavouras estão em boas condições de campo, 15% em medianas e 3% ruins. A colheita avança lentamente pela chuva frequente e não alcança 1% das áreas instaladas.

 

Em Goiás, o ocorrem colheitas pontuais, mas a maior parte da lavoura está em maturação.

 

A chuva vai diminuir o ritmo de maturação do cereal e da colheita em todo o país neste período. Não há previsão de frio intenso e eventual geada pelos próximos 15 dias.