A safra brasileira de grãos 2021/22 se encaminha para a conclusão e a expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de um novo recorde, com uma produção estimada em 271,3 milhões de toneladas. O volume representa um incremento de 6,2% sobre a temporada anterior, o que significa cerca de 15,8 milhões de toneladas, como aponta o 9º Levantamento da Safra de Grãos.
A estimativa inicial da Companhia era de uma safra ainda maior quando, no primeiro levantamento, era esperada uma produção de 288,6 milhões de toneladas. Mesmo com a redução na expectativa em 6,4%, os agricultores brasileiros serão responsáveis pela maior safra da série histórica. O bom desempenho ocorre mesmo em um ano em que as culturas de primeira safra, principalmente soja e milho, foram afetadas pelas condições climáticas adversas registradas na região sul do país e em parte do Mato Grosso do Sul, destaca o presidente da Companhia, Guilherme Ribeiro.
Milho
Na atual temporada destaque para a recuperação de 32,3% na produção de milho. Com uma produção estável na 1ª safra do cereal, próximo a 24,8 milhões de toneladas, a 2ª safra do grão tende a registrar uma elevação de aproximadamente 45% se comparada com o ciclo anterior, passando de 60,7 milhões de toneladas para 88 milhões de toneladas.
No entanto, ainda precisamos acompanhar o desenvolvimento das lavouras, principalmente nos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul. Nesses locais, a cultura se encontra em estágios de desenvolvimento em que o clima exerce grande influência no resultado final. Considerando a segunda safra, cerca de 25,5% do milho do país ainda está sob influência do clima, explica o diretor de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas da Conab, Sergio De Zen.
A colheita do cereal de 2ª safra está em fase inicial, sendo Mato Grosso o estado com a maior área colhida registrada.
As primeiras lavouras têm apresentado bons rendimentos, pois foram semeadas em período ideal. Já a onda de frio, ocorrida em maio, formou geadas de maneira pontual no Paraná, Mato Grosso do Sul e em Minas Gerais, o que não afetou a produtividade total. O desempenho das lavouras, inclusive, melhorou nos estados paranaense e sul-mato-grossense, devido ao bom regime hídrico, pondera De Zen.
Algodão
O clima frio não trouxe grande impacto na produção total para o algodão. Só para a pluma, é esperada uma colheita de 2,81 milhões de toneladas, aumento de 19,3% quando comparado com o ciclo 2020/21.
Feijão
Para o feijão, as baixas temperaturas impactaram as produtividades das lavouras de 2ª safra da leguminosa. Destaque para a influência na variedade cores e preto, com redução na produtividade de 31,8% e 19,7% respectivamente.
Com as condições climáticas desuniformes entre os estados produtores de feijão, variando entre estiagem e excesso de chuvas, a qualidade do grão a ser colhido na 2ª safra pode ter a qualidade comprometida, esclarece o gerente de Acompanhamento de Safras, Rafael Fogaça.
Soja e arroz
A soja e arroz estão com a colheita praticamente finalizada. Para a oleaginosa, a Conab estima 124,3 milhões de toneladas produzidas, redução de 10,1% em relação à safra anterior, enquanto que o arroz deve atingir uma produção de 10,6 milhões de toneladas, volume 9,9% inferior ao produzido no ciclo anterior.
Culturas de inverno
O plantio das culturas de inverno já está em andamento. Destaque para o trigo, principal grão semeado no país. A atual estimativa é para uma produção de 8,4 milhões de toneladas, um novo recorde para o grão caso se confirme o resultado.
Tendência do clima
O próximo domingo (12/06), será marcado por temperatura baixa, no oeste do Paraná onde há áreas produtoras de milho, indica o modelo de previsão GFS/NOAA. Há potencial para ocorrência de geada que pode danificar a cultura. Em Toledo e Ubiratã, temperatura entre 3°C e 5°C. Em Assis Chateaubriand, entre 4°C e 6°C, em São Miguel do Iguaçu e Cascavel entre 2°C e 4°C.
Débora Cristina – Luiziania – PR
Para as áreas de feijão do Paraná e de hortifruti dos Campos Gerais, há risco para geadas mais amplas e fortes. Para a cana de açúcar, a temperatura prevista não é tão baixa tanto no Paraná como em Mato Grosso o Sul. A mesma situação vale para o café do Paraná, São Paulo, Minas Gerais onde as simulações de previsão não indicam frio extremo.
“Desta vez, o frio será forte no Sul com vários municípios registrando temperaturas negativas, mas esse ar polar não tem força para avançar sobre o Brasil com grande intensidade e varrendo áreas extensas do país como foi observado no mês de maio. Essa é a diferença”, analisa o agrometeorologista Celso Oliveira.
Chuva
Para os próximos 7 dias, há uma expectativa de volumes altos para essa época do ano em Mato Grosso, Rondônia, Acre, norte de Mato Grosso do Sul, sudoeste de Goiás, com acumulados entre 20 e 50 mm.
A chuva avança sobre áreas produtoras de cana, laranja e café e deve diminuir o ritmo de colheita. No leste do Nordeste, ainda há previsão de chuva, principalmente entre Bahia e Paraíba. Rondônia, norte do Amazonas e Amapá também há condições para chuva forte, neste período.
Do dia 16 a 22 de junho, há um indicativo de chuva intensa (100 milímetros), entre o Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. No decorrer de Julho, a tendência é que essas chuvas mais fortes fiquem concentradas entre o Uruguai e o Rio Grande do Sul. Isso, faz com que o Brasil tenha um Julho mais seco.