Análise climática para Londrina: o que esperar para 2023?

CompartilharsocialIconsocialIconsocialIcon

A Safra 2022-2023 foi a terceira seguida sobre a influência do fenômeno La Niña. Para o produtor rural da região Sul do Brasil, que acompanha as previsões climáticas e conhece seus efeitos, havia a preocupação de termos mais uma safra penalizada pelo fenômeno. Mas em termos meteorológicos, os padrões nunca se repetem igualmente, e outros fatores acabam contribuindo para que, apesar do mesmo fenômeno climático, as variáveis meteorológicas tenham comportamentos distintos.

 

clima_agricultura_milho

Foto/Reprodução Getty Images

 

Essa safra 2022-2023 teve uma maior influência negativa sobre o extremo sul do Brasil. O Estado do Paraná, em termos climatológicos, fica localizado numa área de transição, onde o mesmo fenômeno climático pode trazer maiores ou menores consequências.

 

Vamos analisar o comportamento das chuvas no município se Londrina durante o segundo semestre de 2022, e traçar um cenário para o decorrer de 2023, além de trazer um panorama em termos de projeções climáticas.

 

Histórico de chuvas:

 

Em uma análise de chuvas observadas, a distribuição delas ao longo dos meses é tão importante quanto os volumes mensais acumulados. Vamos pensar em dois exemplos. A climatologia de uma cidade específica, para um determinado mês, é de 200 mm. Qual das situações é mais favorável para a agricultura:

 

1.       2 eventos de chuva, cada um de 100 mm acumulados por dia

2.      10 eventos de chuva, cada um com 20 mm acumulados por dia

 

É natural que a segunda opção é muito mais benéfica para o solo, para o balanço hídrico e para o desenvolvimento da cultura. Por isso é importante sempre analisarmos qual o comportamento das chuvas durante um determinado período. O gráfico abaixo mostra o comportamento das chuvas em termos de acumulado mensal para Londrina. No mesmo gráfico (rachurado) temos a climatologia mensal, que representa a média dos últimos 30 anos.

 

Quer ter acesso a maior comunidade AGRO voltada para o compartilhamento de informações de tempo e clima para as regiões e culturas agrícolas do Brasil? Então clique aqui para seguir o Instagram Agroclima e ficar bem informado.

 

O destaque fica para os meses de agosto, setembro e outubro, que tiveram chuva dentro ou acima da média, além de uma boa distribuição mensal. Para a agricultura na região, esse período é fundamental para garantir um bom balanço hídrico e manter a umidade do solo. Apesar das chuva abaixo da média entre novembro e dezembro, essas chuva também foram bem distribuídas, e foram suficientes para manter um bom balanço hídrico.

 

grafico_climatologia_observado

 

Projeções Climáticas 2023:

 

A previsão divulgada pelos institutos norte Americanos IRI (Instituto de Pesquisas Internacionais da Universidade da Columbia) e CPC/NOAA (Centro de Previsões e Clima da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional), atualizada em 12 de janeiro (figura abaixo) indica que a transição da La Niña para Neutralidade climática deve ocorrer entre fevereiro e abril de 2023. Durante o outono, março-abril-maio a probabilidade é de 82% para a condição Neutra. Depois disso, a previsão passa a indicar a probabilidade maior e aumentando nos trimestres sobrepostos seguintes para ocorrência de El Niño. No entanto, os especialistas da Climatempo seguem cautelosos, já que existem muitas incertezas quanto ao período do outono e inverno de 2023.

 

O El Niño tem os efeitos opostos do La Niña e normalmente intensifica os sistemas meteorológicos sobre o Sul do Brasil. Se essa mudança de sinal se confirmar para o segundo semestre de 2023, os padrões de precipitação para a próxima safra podem ser bem diferentes em relação aos três últimos anos, que foram impactados pela La Niña.

 

grafico_clima

Previsão probabilística de desenvolvimento de fenômenos El Niño ou La Niña ou neutralidade climática para os próximos trimestres,

atualizada em 12 de janeiro de 2023. Fonte: Consenso CPC/NOAA e IRI/Universidade de Colúmbia.

 

Além do enfraquecimento do La Niña, que deve favorecer mudanças na distribuição das chuvas sobre o Brasil, o Oceano Atlântico vem apresentando um aquecimento anômalo nas últimas semanas sobre a costa sul da América do Sul. As águas superficiais mais quentes nesta região devem servir como combustível para os sistemas meteorológicos que aturarão sobre o centro-sul do país no decorrer dos próximos períodos e por isso se esperam chuvas mais expressivas nestas áreas durante o verão, em relação a primavera.

 

Captura de tela_20230120_120801

 

O que esperar para os próximos meses em Londrina?

 

Vimos que apesar do La Niña presente na atual safra, as chuvas observadas sobre Londrina no segundo semestre de 2022 contribuíram para uma boa condição hídrica, especialmente quanto à distribuição dessas chuvas. E agora que o La Niña está processo de enfraquecimento, o que os modelos vêm indicando em termos de chuva para os próximos meses sobre Londrina?

 

Os dois gráficos mostram a previsão diária para os próximos 180 dias de precipitação e temperaturas máxima e mínima. Em termos de distribuição de chuva, podemos notar que até o final de abril, Londrina segue com bons volumes de chuva, e poucos períodos de redução, com menos umidade. Essa condição é suficiente para a manutenção da umidade no solo. Porém, a partir de maio, nota-se uma redução nos volumes e na distribuição das chuva, já indicando o início do período mais seco. Já em termos de temperatura, por enquanto, sem projeções de intensas ondas de frio, porém as massas de ar estarão presentes, trazendo queda nas temperaturas.

 

agroclima_pro

Fonte: Agroclima PRO

 

 

A previsão de tempo e clima requer um acompanhamento constante, e algumas alterações podem ocorrer nas projeções dos modelos numéricos. A Climatempo monitora constantemente as previsões, e entrega análises qualificadas e especializas, por localidade e por tipo de cultura.

 

Muita gente deve estar se perguntando: e a próxima safra? Já adiantamos que nesse momento qualquer tipo de projeção para mais do que 6 a 8 meses, está sujeito a mudanças, já que estamos saindo de um La Niña, e os modelos climáticos estão se ajustando. Não deixem de acompanhar as redes sociais e as matérias feitas pelo time de especialistas do Agroclima.

 

Texto produzido por Willians Bini, head de agronegócios da Climatempo