Zoneamento agrícola de risco climático para a soja é atualizado no BR

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O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou as Portarias Nº 737677 80 que atualizam o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a cultura da soja nos estados da Bahia, Mato Grosso do Sul, Acre e no Distrito Federal. As portarias dos demais estados deverão ser publicadas nos próximos dias.

No caso da soja, foram definidas as áreas e os períodos de semeadura, simulando probabilidades de perdas de rendimento inferiores a 20%, 30% e 40%, devido à ocorrência de eventos meteorológicos adversos, principalmente seca durante a fase reprodutiva da planta. “Porém, é importante ressaltar que o Zarc não estabelece os períodos e os locais de semeadura com maior probabilidade de obtenção dos maiores rendimentos”, explica o pesquisador José Renato Bouças Farias, da Embrapa Soja. 

Novos parâmetros e fatores de risco foram considerados, associando questões hídricas e térmicas, inclusive, a probabilidade de ocorrência de geadas. Foram introduzidas ainda nova abordagem dos riscos associados à água disponível no solo, o que permitirá, em breve, vincular também conceitos de manejo do solo e dos sistemas produtivos. Segundo o pesquisador, as Portarias do Zarc-Soja para a safra 2023/24 são as primeiras a contemplar essa nova metodologia.

Novo sistema de classificação da água disponível do solo

A principal atualização nessa versão do Zarc Soja é o novo sistema de classificação de solos que deixa de utilizar o tradicional sistema de solos “Tipo 1”, “Tipo 2” e “Tipo 3” e passa a adotar uma nova metodologia que define seis classes de água disponível (AD1, AD2, AD3, AD4, AD5, AD6). Nesse sistema, a classe de AD do solo é determinada com base na sua composição textural completa, ou seja, com os teores de areia, silte e argila. No sistema antigo, os tipos do solo eram estabelecidos, basicamente, pelo teor de argila.

A água disponível (AD) do solo deve ser estimada para cada área de produção, a partir da sua composição textural determinada por análise de solo padrão. A estimativa é feita através do uso de uma equação (função de pedotransferência), devidamente ajustada para os distintos solos brasileiros, resultado de pesquisas recentes da Embrapa sobre o assunto (Boletim de Pesquisa 272 – Embrapa Solos(1), Comunicado Técnico 135 – Embrapa Agricultura Digital(2)). O Zarc Soja – 06ADs apresenta maior precisão nas estimativas de risco de déficit hídrico e uma melhor representação da realidade nos diferentes solos brasileiros em comparação aos três tipos utilizados anteriormente.

Todos as novas atualizações de Zarc geradas a partir de 2022 já utilizam o sistema 06ADs. Porém, a maioria dos Zoneamentos já publicados, continuarão com os resultados em “3 solos”, até serem gradualmente substituídos pelas novas versões atualizadas para o sistema 06ADs. A soja é a primeira cultura que passa a vigorar com esse novo formato.

Disponibilidade hídrica e produtividade da soja

De acordo com Farias, a soja é uma cultura com ampla adaptabilidade ao clima e aos solos brasileiros, nos dois lados da linha do equador. Dos elementos climáticos que mais influenciam o desenvolvimento e a produtividade da soja, a disponibilidade hídrica é a que mais afeta o rendimento de grãos. Com relação às necessidades de água para o cultivo da soja, Farias afirma que o ideal seria em torno de 450 a 800 mm de água disponível ao longo de toda a estação de crescimento da cultura, variável em função do ciclo da cultivar, do desenvolvimento das plantas e das condições climáticas da região.

Para a soja apresentar um bom desempenho, o pesquisador afirma que a cultura necessita de volumes adequados de água e boa distribuição durante as fases mais críticas. “Tão ou mais importante até que o volume total de água é a distribuição das chuvas ao longo do ciclo. As fases mais sensíveis ao déficit hídrico ocorrem durante o período de semeadura-germinação-emergência e, principalmente, da floração ao enchimento de grãos, quando a seca afeta consideravelmente o rendimento das lavouras”, destaca Farias.

A chuva é a principal fonte de água para a maior parte da produção brasileira de soja, tanto que a área irrigada com soja ainda é insignificante. “É importante destacar que as práticas agrícolas que favorecem a melhor estruturação do solo e o aprofundamento do sistema radicular contribuem para incrementar a disponibilidade de água no solo, principalmente, em momentos de precipitação insuficiente”, ressalta o pesquisador.

Tendência do clima

Uma frente fria segue espalhando instabilidades e episódios isolados de chuva entre São Paulo, Mato Grosso do Sul e áreas mais ao sul entre Goiás e Minas Gerais. Nestas áreas a chuva não deve ser tão volumosa e duradoura. A partir da sexta feira (28/04) esse sistema avança organizando as instabilidades sobre a metade Norte do Brasil.

Durante o último final de semana de Abril, as instabilidades tendem a se intensificar e a chuvas devem se tornar mais generalizadas e volumosas entre as regiões Norte e Nordeste. No interior do Matopiba, inclusive sobre o interior da Bahia, estão previstos volume de água que podem ultrapassar 50 mm até o início da próxima semana.

No centro-sul do Brasil o tempo seco deve ganhar força na segunda metade desta semana e o tempo ficará mais aberto entre o interior da região Sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul, áreas mais ao sul de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso até o final de semana. Mas na próxima segunda-feira tem previsão para avanço de um novo sistema que vai espalhar episódios de chuva sobre o centro-sul do país e vai provocar um novo declínio mais acentuado das temperaturas na primeira semana de maio, principalmente sobre o interior da Região Sul. Por enquanto sem risco de extremos de temperatura mínima sobre áreas produtoras de milho segunda safra.

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