A diferença do amendoim argentino e brasileiro

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A World Peanut Meeting 2024, realizada na semana passada em Córdoba, na Argentina, destacou o cenário do amendoim no mundo e evidenciou as diferenças dos mercados da Argentina e do Brasil, relacionando o destino das exportações dos países com um melhor controle de pesticidas e de aflatoxinas.

Conforme dados apresentados durante o evento, a Argentina demonstrou sua capacidade de concentrar suas vendas de amendoim em grãos para a Europa, de maior valor agregado, representando impressionantes 62% de suas exportações totais. Por outro lado, o Brasil direciona a maior parte de suas exportações (70%) para mercados secundários, como Rússia e Argélia. Essa diferença é atribuída, principalmente, à maior exigência dos mercados primários em relação à presença de aflatoxinas e ao uso de produtos químicos.

Para o ano de 2024, a Argentina planeja exportar 800 mil toneladas de grãos de amendoim, com 60% destinados à Europa. Enquanto isso, o Brasil projeta 300 mil toneladas do produto, com apenas 15% direcionadas para o mercado europeu. Esses números reforçam a necessidade dos produtores brasileiros realizarem uma minuciosa análise das estratégias de produção nas próximas safras.

De acordo com Rodrigo Chitarelli, diretor presidente da CRAS Brasil, que esteve no evento e acompanhou de perto o “Circuito del maní” – dia de campo com os produtores argentinos na cidade de General Deheza -, o mundo está muito mais criterioso e atento à qualidade.

“Para aproveitar todo o potencial do mercado global de amendoim, é fundamental melhorar o relacionamento entre os produtores e apresentar um controle mais eficiente dos defensivos agrícolas no Brasil. Temos condições mais favoráveis, com possibilidade de expansão de áreas e um clima propício, mas é preciso aprimorar as práticas de plantio para competir em mercados de maior valor agregado, aumentando assim as margens na operação”, comentou.

A União Europeia, por exemplo, possui altos padrões quando se trata da importação de amendoim e seus subprodutos, com exigências para limite máximo de resíduos de pesticidas (LMR) e uma lista de substâncias autorizadas. Os produtos importados são submetidos a testes para garantir que estejam em conformidade com os padrões europeus.

Da mesma forma, os países da UE estabelecem teores máximos de aflatoxinas no amendoim e seus subprodutos, que devem ser testados antes da exportação. As aflatoxinas são toxinas naturais produzidas por certos tipos de fungos do gênero Aspergillus, que podem infectar várias culturas agrícolas, especialmente em condições de calor, umidade e danos causados por insetos, que criam pontos de entrada para os fungos, além de secagem e armazenamento inadequados e o uso de sementes não certificadas.

“Para entrar no continente é necessário realizar regularmente testes laboratoriais e auditorias das práticas de produção e armazenamento. A produção da CRAS Brasil possui certificados como o FDA, ISO 22000, o Fosfa, a Halal, a Kosher, entre outras, que garantem atenção às normas referentes à saúde alimentar em toda a sua cadeira de produção” completa Chitarelli.

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