Problemas entéricos comprometem a produtividade de ovos nas granjas

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O ovo é um dos alimentos de origem animal mais utilizado nas refeições dos brasileiros. A Pesquisa Trimestral de Produção de Ovos (POG), divulgada em junho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que a produção de ovos atingiu a marca histórica de 893 milhões de dúzias no primeiro trimestre de 2024. Esse volume representa aumento de 7,7% em relação ao mesmo período de 2023, com acréscimo de 64 milhões de dúzias.

Para esse salto de produção, as aves poedeiras devem estar saudáveis e bem nutridas. Porém, diversos fatores podem prejudicar o aproveitamento nutricional das dietas elaboradas e o atingimento do máximo desempenho produtivo, entre eles, o desafio entérico, que são diversos e estão relacionados a diferentes agentes patogênicos.

“Vale explicar que na fase inicial da vida das aves, elas podem passar pelo desafio da coccidiose, que é um protozoário presente, que pode gerar perdas econômicas relacionadas a desempenho e até mortalidade, podendo estar diretamente relacionada, ou não, à abertura para outros desafios secundários, principalmente para o clostridium perfringens, que está presente na flora intestinal mas que em desequilíbrio pode evoluir e gerar quadros de enterite necrótica nas aves”, explica Monica Megumi Aoyagi, consultora técnico da MCassab.

A especialista esclarece que esta bactéria também pode estar presente nas matérias-primas, principalmente em farinhas de origem animal. “Seu desequilíbrio pode ser gerado muitas vezes por situações de estresse às aves, que ocasionam tanto queda na imunidade quanto redução de consumo. Fatores, como estresse calórico e estresse relacionado aos manejos, que são muitos, entre outros, podem estar diretamente associados à queda de imunidade e disbiose (desequilíbrio da microbiota intestinal), favorecendo a colonização desta bactéria no organismo das aves.”

Não somente para os desafios entéricos, mas para a garantia de um plantel sadio, contar com um adequado programa de biosseguridade é essencial para atingir a produção desejada com eficiência e rentabilidade.

“É fundamental ter adequado controle do ambiente de criação, com limpeza e desinfecção frequentes. Avaliar, na realidade de cada granja e com atenção, diversos aspectos, como densidade, ambiência e qualidade das matérias-primas. Todos esses cuidados, em conjunto, reduzem os fatores de risco”, detalha Monica.

Foto: Getty Images

Controle

O uso de anticoccidianos na fase de cria e recria (1 a 15 semanas) ou de vacinação favorece o controle da coccidiose no plantel de postura comercial. Diversas ferramentas podem ser destacadas, como o uso de aditivos alternativos que favoreçam a seleção de flora benéfica e imunidade as aves. “O uso de prebióticos, probióticos, ácidos orgânicos e óleos essenciais, entre outros, bem como a redução de fatores antinutricionais e a disponibilidade de substrato para as bactérias indesejadas podem ser obtidos partir do uso de enzimas, o que tem sido amplamente empregado. Cada solução age de maneira específica, mas todas favorecem o desenvolvimento de bactérias benéficas em detrimento das patogênicas e têm revelado bons resultados na redução dos principais agentes patogênicos do trato digestivo, incluindo Clostridium perfringens”, relata Mônica.

Os antibióticos promotores de crescimento, como bacitracina de zinco ou bacitracina de metileno, podem ser utilizados de forma preventiva. No caso da evolução para o quadro de enterite necrótica, o uso de terapêuticos para controle é mais efetivo. “O intestino é responsável por boa parte da imunidade das aves e mais de 20% da energia bruta da digestão é para a manutenção deste órgão. Assim, todo e qualquer fator que prejudique o adequado funcionamento intestinal piora a conversão alimentar, comprometendo o crescimento e o desempenho das aves. Se pensarmos que 70% do custo de produção se referem à nutrição, a redução da eficiência por si só gerará perdas consideráveis – as quais nem sempre são mensuráveis. Levando em consideração que as aves de postura são animais de ciclo longo, pode haver prejuízos tanto na fase de formação das aves como na vida produtiva”, finaliza a especialista.

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