As condições climáticas a partir do segundo semestre de 2024 trouxeram apreensão para os produtores de maça de Santa Catarina. Entre o final do outono e o início do inverno, as fruteiras entram em estado de dormência, quando há uma drástica redução de suas atividades metabólicas. Cada frutífera precisa de uma quantidade mínima de frio para sair desse estado. Um deles é o acúmulo de horas de frio registradas entre 1 de abril e 30 de setembro de cada ano. Essa é uma medida muito importante para orientar o manejo de pomares.
Porém, os meses de agosto, setembro e outubro, foram marcados por dias e noites com temperaturas altas no estado. Na serra, o impacto do calor foi menor.
O informe técnico 037 referente a setembro de 2024, elaborado pela Epagri mostra que as horas de frio acumuladas de 1 de abril a 31 de agosto de 2024 foram inferiores à média histórica em todas as das localidades acompanhadas, a exceção de São Joaquim, que ficou um pouco acima da média. O documento informa ainda que o acúmulo de unidades de frio no período foi inferior à média histórica em todos os locais monitorados.
Esse impacto do clima acarretou alguns problemas nas macieiras nas áreas produtoras de Santa Catarina. A falta de frio provocou desuniformidade no período da florada da nova safra 24/25 que será colhida em meados de fevereiro de 2025. Na fase da frutificação dessa flor foi observada uma queda das frutinhas acima do normal.
“A princípio, ainda estamos na fase de contagem de frutas. A qualidade está boa, mas a produtividade está variada, boa e ruim em algumas áreas. Isso irá ocasionar uma safra parecida com a do ano passado”, relata Rafael Grillo, presidente da AMAP – Associação dos Produtores de Maça e Pera de Santa Catarina.
Os fruticultores catarinenses colheram cerca de 423 mil toneladas de maçã na safra 2023/2024, a menor colheita da série histórica mapeada pelo Observatório Agro Catarinense. Esse volume é cerca de 24% menor do que o registrado na safra anterior, quando a produção atingiu quase 555,2 mil toneladas. Os dados são do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa).
Quebra na safra de maça 2025 pode chegar a 30%
Por causa das adversidades climáticas e outros fatores consequentes à safra de maça 24/25 que começa a ser colhida em fevereiro de 2025 poderá apresentar novamente uma quebra em torno de 20% a 30%.
Grillo explicou que a maça é uma cultura perene e um ano influência outro. A falta de frio, queda prematura das folhas, baixa incidência solar no período da diferenciação das gemas produtivas e vegetativas ocasionou esse impacto no desenvolvimento da fruta.
“Nós estamos orientado os produtores para conferir seus pomares e realizar a contagem. Com os números em mãos iremos acionar os órgãos responsáveis afim de que haja um pacote de ajuda emergencial ao produtor que por ventura possa ter sofrido perdas irreversíveis na safra 24/25”, finaliza o presidente.