Não é só o café de todo dia que está mais caro. Para quem é adepto ao consumo de ovos mexidos no café da manhã ou de outra forma em outras refeições está sentindo no bolso a alta dos preços. Um dos motivos é o calorão, além da demanda que segue aquecida com o retorno das aulas e a proximidade da Quaresma.
Calor o maior vilão da produtividade
As altas temperaturas registradas desde o início do ano estão impactando diretamente a produtividade das aves, afetando a oferta e elevando os preços do produto. O calor intenso é um dos grandes vilões. Assim como as vacas que precisam de conforto térmico para produzir o leite, as galinhas poedeiras não suportam temperaturas acima de 28°C. O calorão estressa as aves que precisam gastar mais energia regulando sua própria temperatura e, consequentemente isso reflete na redução de produtividade. As galinhas, com esse calor todo acabam tendo maior dificuldade em botar ovos.
Nesta sexta-feira (21/02), sábado (22/02) e domingo (23/02), a previsão ainda é de dias quentes no estado de São Paulo, com várias horas com sol forte. Por causa do calorão, não se pode descartar a possibilidade de pancadas de chuva que podem ocorrer de forma esporádica à tarde e no começo da noite, informam os meteorologistas da Climatempo.
Dicas e alternativas para driblar as temperaturas altas
Diante deste cenário, há algumas alternativas para contornar a baixa produtividade. O primeiro deles para aliviar o estresse das aves é utilizar galpões climatizados, onde em períodos de calor intenso, a tecnologia e acionada para garantir o conforto térmico ideal e manter a produtividade em dia.
Outra alternativa, é adaptar a nutrição para minimizar os impactos do calor excessivo e manter a saúde e o bem-estar dos animais. O uso de aditivos nutricionais pode contribuir para o equilíbrio do organismo das poedeiras, promovendo melhor desempenho, resistência e conforto térmico.
Um estudo publicado em 2021 pela Kemin, analisou os efeitos da combinação de um probiótico e um micro mineral orgânico no desempenho das aves em condições desafiadoras. Os resultados demonstraram que a utilização dos aditivos na dieta das aves poedeiras auxiliou na manutenção do bem estar animal.
“O probiótico por exemplo, equilibra a microbiota intestinal das aves, melhora o desempenho e contribui para a manutenção da saúde intestinal, fator essencial para que os animais expressem seu potencial produtivo. Já, o mineral orgânico aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration), auxilia na conversão de energia e na redução do hormônio do estresse das aves, garantindo melhor eficiência alimentar e maior produtividade”, explica Gisele Neri, zootecnista e gerente de produtos da Kemin.
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Produção x preço
A produção de ovos no Brasil cresceu significativamente nos últimos anos. De acordo com o IBGE, entre janeiro e setembro de 2024, foram produzidas 2,8 bilhões de dúzias, um aumento de 10,5% em relação ao mesmo período de 2023. No entanto, o calor extremo tem afetado a produtividade das aves, pressionando a oferta e elevando os preços no mercado interno.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP), até 14 de fevereiro, o preço médio da caixa com 30 dúzias de ovos extra branco em Bastos, um dos principais polos produtores de São Paulo, atingiu R$ 194,16 no atacado, um aumento de 36,5% em relação a janeiro e de 17,4% na comparação com o mesmo período de 2024.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) esclarece que a alta registrada no preço dos ovos é uma situação sazonal, comum ao período pré e durante a quaresma.
“A comercialização de ovos aqueceu pela demanda natural da época, quando há substituição de consumo de carnes vermelhas por proteínas brancas e por ovos. Os custos de produção acumularam alta nos últimos oito meses, com elevação de 30% no preço do milho e de mais de 100% nos custos de insumos de embalagens. Ao mesmo tempo, as temperaturas em níveis históricos têm impacto direto na produtividade das aves, com reflexos na oferta de produtos”, esclarece a Associação em comunicado.
Mesmo com estes fatores, os produtores esperam que o mercado deva se normalizar até o final do período da quaresma, com o restabelecimento dos patamares de consumo das diversas proteínas.
Vale lembrar que embora em alta, as exportações de ovos têm efeito praticamente nulo sobre a oferta interna, já que representa menos de 1% das 59 bilhões de unidades que deverão ser produzidas este ano, o que deve gerar um consumo per capita de 272 unidades anuais – mais de 40 unidades acima da média mundial de consumo.
Como escolher melhor os ovos no supermercado?
O consumidor final não tem como saber, apenas olhando, se os ovos que compra vieram de um sistema onde as aves receberam nutrição adequada e foram criadas em boas condições. No entanto, algumas características podem indicar se o ovo veio de um animal bem tratado:
Casca resistente: Ovos de aves bem nutridas costumam ter cascas mais firmes, indicando um bom aporte de minerais.
Odor neutro: Ovos de qualidade não apresentam cheiro forte ou desagradável ao serem quebrados.
Selo de certificação: Ovos certificados garantem um controle rigoroso de qualidade e sanidade na produção.
Verifique a embalagem: Ovos devem estar armazenados corretamente e livres de rachaduras ou sujeira. Certifique-se de que a embalagem esteja em boas condições.
Fique atento à data de validade: Ovos mais frescos garantem melhor qualidade nutricional e menor risco de contaminação.