4 em cada 5 copos de suco de laranja consumidos no mundo são produzidos no Brasil

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A citricultura é um segmento importante para o agronegócio brasileiro e possui lugar de destaque na fruticultura mundial. No último dia, 8 de junho foi comemorado o Dia do Citricultor, data estabelecida na década de 90 para lembrar a importância desse profissional para a fruticultura brasileira. O papel do citricultor é tão relevante, que faz do país o maior produtor mundial de laranja.

Para a safra de 2023/24, o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) estima uma produção de 309,34 milhões de caixas de 40,8 quilos no cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo e sudoeste mineiro – principal região produtora de laranja do mundo. De acordo com Vinicius Trombin, coordenador do PES do Fundecitrus, essa produção é menor em relação à safra passada, mas permanece praticamente no mesmo nível. “O número de frutos por árvore deve reduzir por conta do ciclo bienal de produção, mas por outro lado também deve ocorrer um aumento e um crescimento do tamanho dos frutos”, comenta Trombin.

Dados da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), mostram que a laranja é a fruta mais cultivada no país, possui 800 mil hectares de plantio e responde por 79% do suco de laranja comercializado no mundo. Ou seja, a cada cinco copos consumidos no mundo, quase quatro são produzidos em solo brasileiro.

Foto: Arquivo istock

Clima

A precipitação média acumulada no cinturão, de agosto de 2022 a abril de 2023, registrou volume 45% maior do que o acumulado no mesmo período do ano anterior, o que deve favorecer a safra. “Caso as premissas utilizadas para projetar a safra se concretizem, ou seja, o aumento do peso médio das laranjas e uma leve redução da taxa de queda de frutos, será possível minimizar o impacto decorrente da diminuição da quantidade de frutos”, avalia o coordenador da PES, Vinicius Trombin.

As primeiras chuvas significativas após o período de estresse hídrico no ano passado foram registradas em agosto nas regiões de Avaré, Itapetininga e Duartina. Essas chuvas propiciaram o florescimento das laranjeiras em sistema de sequeiro localizadas nessas áreas. A partir de outubro, as chuvas alcançaram todas as regiões do parque em volume expressivo. 

Para o presidente do Fundecitrus, Lourival Carmo Monaco, a estimativa de produção está em linha com a expectativa do citricultor. “Entramos, agora, em um período produtivo tecnicamente menor, mas nem por isso menos desafiador. O compromisso em manter a alta produtividade mesmo em cenários adversos é uma especialidade do citricultor e contaremos, com certeza, com o profissionalismo cada vez mais forte desses profissionais no dia a dia do campo”, diz. 

Tendência do Clima

A principal novidade é o aumento previsto da chuva entre os dias 11 e 18 de junho sobre áreas citrícolas de São Paulo. Esse aumento deve-se à passagem de frentes frias e à formação de ciclones extratropicais. A formação de corredores de umidade e sistema de baixa pressão no Sul do país irão contribuir para esse cenário. Estima-se que as regiões sul e litoral de São Paulo receberão mais de 100 milímetros de chuva.

Temperatura

Já as temperaturas diminuem a partir do início da semana que vem pelo estado de São Paulo e sul de Minas Gerais (em especial a partir da terça-feira), tudo isso se deve à chegada de uma massa de ar frio, que vem atrás de uma frente fria.

El Niño

Segundo a NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional), foi confirmado a situação de El Niño clássico, onde a faixa central e leste equatorial do Oceano Pacífico apresenta temperaturas acima da média. Os efeitos mais significativos desse fenômeno serão percebidos a partir do inverno e na primavera, com aumento da chuva no sul do Brasil e risco de transtornos, como inundações. Também é esperado um aumento na precipitação entre o inverno e o verão no Mato Grosso do Sul e em São Paulo, além do aumento do risco de ondas de calor em todo o país.

Leia também: Pacífico equatorial está no modo El Nino

Exportação

O Brasil também é líder na exportação mundial de suco de laranja. De acordo com o Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), nos primeiros quatro meses do ano o Estado de São Paulo exportou US$ 682 milhões em suco, dos quais 97,3% são referentes ao suco de laranja. A exportação já supera em 21,2% o registrado no mesmo período do ano passado. Dentre os mercados de compra, destacam-se União Europeia (74%) e América do Norte (26%).

Fábio Pizzamiglio, especialista em comércio exterior, alerta que o país deve ficar atento com a possível queda nesta safra no Triângulo paulista, polo pordutor. “Os dois principais mercados mundiais de suco estão em queda. Os EUA sofre com as consequências do furacão Ian e o Brasil com o greening. Isso poderá levar a queda na exportação de uma das maiores commodities do país”, afirma.

Desafio em vencer o Greening

O greening é uma doença que afeta plantações ao redor do mundo. No Brasil, a doença é a segunda maior causa de queda de frutos e recentemente alcançou o maior patamar desde sua identificação. A projeção de perda para este ano é de 21%. 

“Nos últimos anos, o mercado de suco brasileiro tem se destacado e disputado espaço internacional em igualdade com gigantes como EUA, China e Índia. Se mantivermos o ritmo de investimentos, aprimorando técnicas agrícolas e tecnológicas, especialmente no manejo e controle de pragas, novos recordes de safra serão batidos”, afirma o especialista.

O Fundecitrus está com uma campanha no combate ao greening. Para participar acesse: http://unidoscontraogreening.com.br/