Mercado halal movimenta U$ 6 bilhões por ano no Brasil

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O embaixador Osmar Chohfi, presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), disse na abertura da segunda edição do Global Halal Brazil Business Forum, que os negócios relacionados a produtos e serviços feitos conforme a tradição islâmica atualmente movimentam de US$ 5 bilhões a US$ 6 bilhões por ano no Brasil, empregam centenas de milhares de pessoas, têm extrema importância para a economia brasileira e vêm crescendo significativamente.

Segundo Chohfi, a participação do Brasil no mercado halal remonta a 1977, quando o País começou a trocar frango por petróleo com a Arábia Saudita. De lá para cá, o Brasil se tornou o maior exportador mundial de proteína de aves e bovina halal de todo o mundo. Hoje, cerca de 30% das exportações de proteínas destinam-se a países muçulmanos, com certificação halal, selo que atesta produção conforme a tradição islâmica de criação, abate e processamento animal.

Os muçulmanos somam perto de 2 bilhões de pessoas — um quarto da população do planeta — e movimentam, só no segmento de alimentos, US$ 1,2 trilhão por ano no mundo. Até 2050, acredita-se que perfaçam 30% dos habitantes da Terra, devendo demandar muito mais alimentos, medicamentos, cosméticos, entre vários outros produtos.

Em 2022, o Brasil exportou US$ 23,41 bilhões em alimentos e bebidas para os 57 países de maioria muçulmana da Organização da Conferência Islâmica. Esses embarques fizeram do País o maior fornecedor de gêneros alimentícios ao mundo muçulmano e representaram um desempenho 41% superior em relação ao ano anterior.

Osmar Chohfi defende, porém, a diversificação da pauta de exportações brasileira, incluindo nela produtos adicionais de valor agregado, fortalecendo ações de promoção do produto brasileiro halal no exterior e ampliando a disponibilidade de produtos industrializados com certificação halal para além do segmento de alimentos, como no de cosméticos, fármacos, vestuário e serviços turísticos.

Em setembro de 2022, a CCAB e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) iniciaram o Projeto Halal do Brasil, para estimular a inserção do produto brasileiro halal, com atividades de promoção no exterior e estímulo à certificação.

Em mensagem enviada ao evento e lida por Chohfi, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que o Projeto Halal do Brasil visa a apoiar e incentivar empresas a exportar para mercados muçulmanos, com ações de capacitação, certificação e promoção comercial no segmento halal.

“Com isso, esperamos incentivar o empresariado a explorar outros segmentos do mercado halal de maior valor agregado, como cosméticos, medicamentos, itens de vestuário e alimentos processados”, disse Lula.

Para Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores do Brasil, a diplomacia brasileira teve papel fundamental na consolidação do País no fornecimento de alimentos ao mundo muçulmano. “Hoje as principais empresas brasileiras exportadoras de alimentos investiram em procedimentos específicos para cumprir as normas halal, beneficiando-se, inclusive, de certificadoras nacionais, que trabalham para atestar a integridade, a conformidade e a qualidade da produção brasileira.”

Nabil Adghoghi, vice-decano do Conselho dos Embaixadores Islâmicos no Brasil, reforçou que a parceria entre o Brasil e o mundo árabe é promissora e abre horizontes para investimentos mútuos em vários setores, principalmente de produtos e serviços halal.

Yousef Hassan Khalawi, secretário-geral da Câmara Islâmica de Comércio, Indústria e Agricultura (ICCIA), disse que, apesar de o Brasil ter importante participação no mercado halal no mundo islâmico, ainda tem muito potencial a explorar.

“Há um enorme horizonte de oportunidades. O mesmo se pode dizer do potencial de formação e contratação de profissionais especializados para atuar em todas as etapas da cadeia de um produto ou serviço halal. Os desafios são sempre o início de oportunidades”, afirmou.

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