Líder mundial na exportação de carne bovina, o Brasil se vê à frente de grandes desafios junto aos seus mercados consumidores, principalmente a União Europeia, que, em breve, vai implementar sua lei antidesmatamento. Endereçar as novas demandas pode colocar a pecuária brasileira em posição de destaque não só em relação à Europa, mas a todo o mundo, disseram representantes do setor, reunidos na manhã de quarta-feira (30/10) para o Diálogo Inclusivo – Oportunidades e Soluções para o Produtor Atender ao EUDR.
O que é o EUDR
EUDR é a sigla para European Union Deforestation-Free Regulation (EUDR), que significa Regulamento da União Europeia para Produtos Livres de Desmatamento. É uma nova lei que, segundo a UE, visa combater o desmatamento global ao banir a importação, pelos países do grupo, de produtos agropecuários que tenham ligação com a destruição da vegetação nativa ao redor do globo. A norma está prevista para entrar em vigor no dia 30 de dezembro de 2025 para grandes empresas e em 30 de junho de 2026 para micro e pequenas empresas. Tal adiamento ainda deve ser aprovado pelo Parlamento Europeu.
Novos mercados
Com rebanho de mais de 230 milhões de cabeças, um sistema robusto de monitoramento do desmatamento e leis ambientais consistentes, o Brasil sai na frente de muitos mercados quando o assunto é a adoção de práticas ambientalmente sustentáveis.
Apesar desse protagonismo, o país precisa agora endereçar os problemas que ainda persistem na cadeia para que consiga atender às novas regulações dos mercados. Ao longo dos últimos anos, várias iniciativas têm surgido na cadeia neste sentido, a exemplo do programa Boi na Linha, do Imaflora, que hoje auxilia o Ministério Público Federal na implementação do Termo de Ajustamento de Conduta da Carne.
Apesar de avanços importantes na criação de ferramentas que auxiliem o setor, outros desafios ainda precisam ser solucionados, como o monitoramento efetivo dos fornecedores indiretos, o fornecimento amplo de assistência técnica a produtores rurais e a disponibilização de meios efetivos de readequação a produtores que se vêem fora das normas.
Brasil na vanguarda
O novo regulamento europeu apresenta hoje aspectos importantes a serem aperfeiçoados – como o respeito à soberania dos países exportadores e às normas internas de tais nações. Para que entre efetivamente em vigor, a Comissão Europeia vai precisar solucionar os pontos de divergência e as falhas no processo. Apesar dos ajustes necessários, é consenso no setor que o Brasil já ocupa posição de destaque no que diz respeito ao atendimento desta e outras normas socioambientais que venham a surgir.
“Nós temos uma história bacana a ser mostrada e as parcerias que construímos com os diferentes elos do setor, voltadas para questão de produzir de forma correta, converge para a gente caminhar de forma mais tranquila para o que precisamos fazer. Entendo que não estamos de forma nenhuma nos preparando para a Europa, nós estamos nos preparando para qualquer lugar do mundo”, disse o representante do Ministério da Agricultura, Clecivaldo Ribeiro.
Segundo os participantes, o surgimento de novas regulamentações internacionais relacionadas à proteção ambiental é um movimento que só tende a crescer entre as nações importadoras. Mesmo que com abordagens diferentes, importantes mercados para o Brasil, como a China, já indicam avanço na pauta.
“Estamos vivendo uma crise climática global, uma crise humanitária, e precisamos melhorar nossa performance ambiental. Se ficarmos numa postura de resistência, os relacionamentos comerciais podem ser prejudicados. O Brasil é o país que talvez produza gado com o maior ativo ambiental do mundo e isso precisa ser traduzido como valor”, disse Marina Guyot, do Imaflora.
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